Sem a instalação de sequer um equipamento e sem nenhum custo. Ou seja, sem necessitar de verbas, licitações e outros entraves burocráticos, as condições operacionais do Aeroporto Lauro Kortz praticamente ‘dobraram’. Isso, claro, considerando-se apenas o teto operacional mínimo. Essa transformação foi possível com o desenvolvimento de novas cartas de operações por instrumentos. É a RNAV (navegação de área), que delimita as condições operacionais com a utilização do GNSS (GPS). Inicialmente, estão disponíveis cartas para aproximação (pouso) e saída (decolagem) para a cabeceira 26. Tudo isso sem auxílio de nenhum equipamento no solo. Com liberação inicial, desde 04 de agosto, o teto operacional para pouso foi reduzido de 500 para 270 pés. “A Azul e a Avianca já utilizam a carta”, comemora a administradora do aeroporto, Clarice Beffart. O procedimento, informa, também já é utilizado por jatos executivos. “Sempre com aeronaves homologadas e pilotos habilitados para essas operações”.
Avanço fantástico
“É um avanço fantático, pois utiliza o satélite”, explica o comandante Cézar Augusto Mosele. Instrutor e checador do Aeroclube de Passo Fundo, também é piloto comercial habilitado para voos por instrumentos (IFR). “É um sistema georreferencial muito mais preciso que outros procedimentos. Assim, equipamentos como o VOR e NDB tornam-se obsoletos”. Mosele explicou que a carta RNAV exige que os aviões tenham equipamentos adequados. Na prática são dois eixos, com um equipamento vertical (LNAV) e outro horizontal (VNAV). Com apenas o sistema vertical, aumentam as limitações. Esses aparelhos integram os aviônicos da maioria dos aviões com fabricação recente, independente de porte. Os pilotos também devem estar habilitados para voar por instrumentos. As cartas em uso são apenas para uma das cabeceiras da pista (26) mas, segundo o comandante, nos próximos dias devem ser liberadas novas cartas também para a outra cabeceira (08).
Teto operacional
O baixo teto operacional é um dos fatores que prejudica as operações no Lauro Kortz. Grosso modo e podemos dizer que esse é o limite de visibilidade vertical entre a pista e a camada (nuvens/névoa/fumaça). Na carta RNAV da cabeceira 26 de Passo Fundo, para aeronaves com LNAV/VNAV, o teto mínimo sem obstáculos (OCH) fica em apenas 270 pés (82 metros)! A carta, com sistema referenciado por satélites, propõem um procedimento de descida por 10 mn (18 km), até uma rampa final que encerra no fator MDA (altitude mínima de decida). Este é o ponto crítico que determina a sequência da aproximação para o pouso ou se deve arremeter por falta de visibilidade. Na cabeceira 26 o MDA é de 2.641 pés. O RNAV já diminuiu consideravelmente o número de voos regulares cancelados. Também permitiu a operação da aviação geral em situações que antes não eram possíveis. Um grande avanço. Mas em breve haverá algo ainda mais moderno, explica Cézar Mosele. “Logo teremos um sistema semelhante ao ILS (sistema de auxílio a pousos utilizado em grandes aeroportos). A vantagem é que será uma espécie de ILS por satélite, sem necessitar de nenhum equipamento no solo”.
Pintura da pista
A pista do aeroporto de Passo Fundo receberá uma nova pintura. Os serviços estão previstos para iniciar na próxima semana. Clarice Beffart solicitou a expedição de Notam (aviso oficial) para restringir as operações a partir do próximo dia 20. “Os horários não irão prejudicar as operações dos aviões de linha, da Azul e Avianca. A aviação geral e os taxis-aéreos deverão se ajustar aos horários estabelecidos pelo Notam”, explicou. A administradora explicou que o serviço de pintura é abrangente. “Serão pintadas as laterais, a faixa central, a numeração das cabeceiras e as marcas de toque”. Clarice aguarda que o Notam seja publicado pela ANAC nas próximas horas.