COVID-19 | Por que dose da vacina para crianças é menor?

Vacinação iniciou na semana passada em crianças no Rio Grande do Sul

Por
· 2 min de leitura
A vacina pediátrica contém 10 microgramas (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)A vacina pediátrica contém 10 microgramas (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
A vacina pediátrica contém 10 microgramas (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+


A vacina da Covid para os maiores de 12 anos contém 30 microgramas enquanto a pediátrica contém 10. Essa diferença acontece pelo mesmo motivo que outros medicamentos possuem doses reduzidas quando a criança é menor. Durante os testes de segurança realizados para criar o imunizante, são experimentadas várias doses para ver qual terá a melhor resposta do sistema imunológico e que causará efeitos colaterais mínimos. "Hoje em pediatria sempre se observa esse aspecto. Uma criança, por exemplo, não vai tomar um paracetamol inteiro como nos casos de adultos. A dose é menor, o que é muito de acordo com o peso. Os estudos foram feitos dessa maneira", explica. 


Injetável

Entre os pais e as crianças uma dúvida ainda recorrente é porque a imunização não acontece em gotinhas, como funcionam algumas das vacinas. O médico pediatra associado da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Fabrizio Motta, explica que o objetivo de cada medicação e o modo de agir são diferentes. "As vacinas contra rotavírus e poliomelite, por exemplo, são aplicadas pela via oral, pois a infecção é adquirida por essa via, assim a vacina simula a infecção. Além disso, no caso da vacina oral contra a poliomielite, como tem excreção nas fezes ocorre a imunização indireta dos contactantes, ampliando o grupo a ser atingido. Na Covid-19 a forma injetável é a melhor para fazer as células de defesa produzirem os anticorpos", acrescenta Fabrizio. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou a aplicação da vacina Comirnaty (da Pfizer-BioNTech) em crianças de 5 a 11 anos no dia 16 de dezembro de 2021.A vacinação das crianças começou simultaneamente no dia 19 de janeiro em todos os municípios do Rio Grande do Sul. Os primeiros vacinados serão meninos e meninas com alguma comorbidade, como hipertensão, diabetes ou asma, ou imunossuprimidos.


Grupos prioritários

A Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM) reforça aos pais e familiares a importância da vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5-11 anos de idade, que estabeleceu, assim como no caso dos adultos, grupos prioritários para o início da imunização. O Ministério da Saúde definiu que, no grupo pediátrico, serão considerados prioritários aqueles com comorbidades ou deficiências permanentes; indígenas; ou quilombolas. Não há uma lista diferenciada das “comorbidades adultas” e “infantis” de forma que, a princípio, são os mesmos fatores de risco para crianças, adolescentes e adultos. Nem toda a comorbidade oferece um risco aumentado para o desenvolvimento de complicações da Covid-19 (aqui entendido não somente o óbito, mas necessidade de hospitalização ou de internação em UTI; desenvolvimento de COVID longa; e desenvolvimento de síndrome inflamatória multissistemica). No entanto, estudos mostraram resultados importantes em relação a algumas comorbidades de maior risco para Covid-19.


Comorbidades

“De uma forma geral as comorbidades são: doenças pulmonares crônicas, cardiopatia, diabete, obesidade, asma grave, comprometimento neurológico, imunodeficiência. Nosso estudo sobre doenças raras, realizado em 2020 identificou naquela época 6 indivíduos <18 anos com doenças raras que haviam tido Covid-19 – cinco deles tinham erros inatos do metabolismo (Fenilcetonúria, Doenca da Urina do Xarope do Bordo, Deficiência de OTC, doença de Nieman- Pick) e um tinha osteogênese imperfeita. Todos se recuperaram, apesar dos pacientes com Fenilcetonuria e distúrbio do ciclo da Ureia terem necessitado de internação em UTI”, explica a médica geneticista e diretora científica da SBGM, Ida Vanessa Doederlein Schwartz. Novo estudo do grupo, posteriormente identificou 18 pacientes pediátricos que tiveram Covid-19 antes de se vacinarem. Apesar do pequeno tamanho amostral, os dados sugerem que pacientes com erros inatos do metabolismo de aminoácidos, do ciclo da ureia e doenças mitocondriais, especialmente quando também apresentam problemas neurológicos e pulmonares, têm risco maior de apresentarem complicações.


Gostou? Compartilhe