Maior parte dos brasileiros aponta o combate ao câncer como prioridade no país

Pesquisa Datafolha/Oncoguia revela o que os brasileiros pensam sobre o câncer

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Foto: Dmitriy Gutarev/Pixabay.Foto: Dmitriy Gutarev/Pixabay.
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A incidência de câncer é crescente no Brasil e no mundo, sendo mais intenso nos últimos anos, podendo se tornar a principal doença da população já no final desta década, ultrapassando as doenças cardiovasculares. São mais de 625 mil casos e 200 mil mortes por câncer todos os anos no Brasil. Uma pesquisa do DataFolha/Oncoguia, divulgada há poucas semanas, mostra que a maior parte dos brasileiros está preocupada com este cenário. Intitulado "Percepções da População Brasileira sobre o Câncer", o estudo aponta que 63% dos brasileiros escolheram o câncer como a doença que deve ser tratada como prioridade pelos governos. A pesquisa levou em consideração três pontos principais: as percepções dos brasileiros diante da palavra câncer; a proximidade da doença com os brasileiros e a relevância do câncer como questão de saúde no Brasil. Um dos pioneirismos dessa pesquisa foi perguntar quais devem ser as doenças priorizadas pelo governo dentre as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). E foi aí que a maioria dos brasileiros (63%) escolheu o câncer em primeiro lugar, seguido da preocupação da sociedade com o consumo abusivo de álcool e doenças cardiovasculares (8%). 


Presença familiar

O estudo mostra que oito em cada dez brasileiros tiveram algum conhecido com câncer e quatro em cada dez, já tiveram ou têm algum familiar com a doença, sendo que 5% declararam ser o próprio paciente. “O câncer está cada vez mais presente nas nossas vidas, infelizmente. Enquanto a mortalidade diminui na Europa e Estados Unidos, no Brasil aumenta assustadoramente”, observa o oncologista do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Dr. Alvaro Machado, que integra o Comitê de Defesa Profissional e Políticas Públicas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). A necessidade de ações efetivas no combate à doença é urgente. “O crescimento da mortalidade e da incidência está diretamente ligado às dificuldades de diagnóstico precoce e acesso da população a tratamentos adequados. Não temos políticas públicas eficientes de rastreamento dos tipos mais incidentes como o câncer de mama, de pulmão e intestino grosso, por exemplo. O descaso com essa e outras doenças importantes fica ainda mais evidente quando o financiamento da saúde pelo governo federal está congelado desde 2016 e temos cortes no orçamento do próximo ano”, comenta Machado.


Sentimentos negativos

Quando questionados sobre o que vem à mente diante da palavra câncer, 42% dos brasileiros relataram sentimentos negativos, mencionando palavras como morte e morrer. Além disso, os entrevistados destacaram as palavras "doença", "dor", "medo", "tristeza" e "sofrimento". A pesquisa foi encomendada pelo Instituto Oncoguia e realizada em parceria com o DataFolha. Foram realizadas 2.099 entrevistas em 151 municípios brasileiros.


Hábitos saudáveis para prevenção

O oncologista do CTCAN destaca que a população precisa realizar exames de rotina e incluir hábitos de vida saudáveis para a prevenção do câncer. “Tabaco, álcool, alimentos multiprocessados, sedentarismo e obesidade aumentam a incidência de vários cânceres. Cerca de 30% dos cânceres mais incidentes poderiam ser evitados com hábitos saudáveis de vida. As pessoas devem fazer exames de rotina como o ginecológico com Papanicolau e mamografia para as mulheres, exame da próstata e dosagem do PSA no sangue para os homens, bem como pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia e vacinas contra o HPV e Hepatite B para ambos os sexos”, salienta Machado.

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