O inverno realmente engorda?

Eliziane Passos

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· 3 min de leitura
Néia Moresco/DivulgaçãoNéia Moresco/Divulgação
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Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o inverno pode ser um forte aliado no processo de emagrecimento, já que, em temperaturas mais baixas, o gasto energético corporal aumenta a fim de produzir calor. Isso ocorre através de mecanismos naturais que regulam a nossa temperatura interna, ou seja, para nos manter aquecidos, o corpo produz energia através da queima de reservas de gordura. Outro ponto positivo da estação fria, é que o consumo de água, frutas e verduras que estão naturalmente mais frios nesse período, exige mais do nosso sistema digestivo. É como se o tubo gástrico precisasse aquecer os alimentos para poder digeri-los e isso também aumenta o nosso metabolismo energético.

 

Reservas de calor

O lado desafiador dessa estação, porém, é que o nosso cérebro “primitivo” sabe que aquecer comida gasta energia, então a nossa vontade de consumi-los, diminui. Isso acontece porque a nossa genética evoluiu em um período em que a comida era escassa e guardar calorias para sobreviver ao inverno era muito importante. Hoje, contudo, encontramos comida em todo lugar. Não precisamos caçar para sobreviver, mas, o nosso mecanismo de reservar comida no tecido adiposo, continua funcionando como naquela época. Sopas, massas, bolos, molhos, chocolates quentes e fondues começam a parecer muito mais interessantes do que frutas e verduras. A vontade de sair de casa diminui, de expor o corpo ao frio para se exercitar também. É a nossa natureza, buscando preservar a vida e criar reservas de calor, através da comida. Com calorias a mais e gasto energético a menos, engordamos.


Açúcar e gordura

Compreendendo isso, é importante não se entregar a esse comportamento sabotador. Se sucumbirmos à vontade de ficar em casa e comermos apenas alimentos ricos em açúcar e gordura, além de ganhar peso, prejudicaremos o nosso sistema imune, abrindo brechas para as doenças do inverno. Ficamos muito mais suscetíveis a gripes e resfriados quando reduzimos o consumo de vitaminas e minerais, as quais estão muito mais presentes nos alimentos frescos, que são justamente os frios. Afastar-se, então, das verduras e frutas definitivamente não é a solução. Adaptá-las a estação, pode ser a melhor saída. Refogados de legumes, sopas coloridas, caldos cremosos com moranga, leguminosas como feijão e lentilha, carnes com molhos mais leves, bolos integrais com frutas, frutas assadas ou em calda, podem ser alternativas para consumirmos esses alimentos durante o tempo frio. Comer o que se gosta, misturando as temperaturas e procurando ingredientes menos calóricos para incluir nas receitas, pode trazer conforto e bem-estar, e ainda assim manter a saúde e o peso em dia.

 

Comidinhas de inverno

E quanto às comidas típicas do inverno? A sopa de capeletti? Os pinhões? A fondue de chocolate? Aquelas delícias todas que não parecem ter substituição? Pois bem, é importante frisar que não precisamos renunciar aos pratos tradicionais que nos trazem prazer e afeto, mas sim, estar realmente atentos às porções e a frequência de consumo desses alimentos. Facilitar a saída de casa para gastar essa energia toda, também é fundamental. Convidar um amigo para caminhar, escolher um esporte que goste, experimentar uma nova academia no caminho de casa para o trabalho, podem ser estratégias importantes para você não abandonar as atividades físicas durante o inverno.


Mudanças possíveis

Por fim, quanto aos líquidos, se a água está sendo difícil de se consumir por aí, tente aquecê-la. Quebre o gelo misturando um pouco de água quente à fria. Deixe-a numa temperatura mais amena, menos gelada. Prepare chás sem açúcar: de frutas, caules e folhas, que também hidratam como a água. Mas tenha cuidado para não os preparar concentrados demais, ok? Não queremos sobrecarregar fígado e rins. Mantenha ainda o seu checkup de saúde em dia e procure orientação nutricional, sempre que perceber dificuldades. Emagrecer é um cálculo matemático: é necessário ingerir menos ou gastar mais. E isso não precisa acontecer de forma extremista, nem virar uma “urgência de verão”. Foque em mudanças possíveis, graduais e que lhe tragam resultados duradouros a médio e longo prazo. Seja constante! Vincule atitudes diárias de autocuidado a um estilo de vida mais saudável! O peso será então, apenas consequência de todas essas mudanças positivas que você estará mais disposto a fazer!

Que o seu inverno seja saudável e cheio de sabor!


*Eliziane Passos é nutricionista


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