Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, no Brasil, estima-se que ocorram cerca de 200 mil acidentes domésticos por ano com crianças, como queimaduras, quedas e afogamentos. E, nas férias escolares, os índices aumentam em 25%. A pesquisa da ONG Criança Segura inclui os acidentes no trânsito na lista dos mais frequentes e aponta que 38% das mortes por acidentes com crianças são durante as férias. A mesma instituição acende um alerta: 90% deles poderiam ser evitados com medidas simples de prevenção. Médico pediatra do Vera Cruz Casa de Saúde, em Campinas-SP, Joaquim Junqueira, explica que os cortes na pele são um dos incidentes mais atendidos pela unidade. A indicação é procurar por atendimento médico caso haja a perda de muito sangue. “É importante lembrar que a região da cabeça é bastante irrigada e, no geral, pode apresentar sangramento excessivo. Nesses casos, recomendamos comprimir o ferimento com um pano limpo e levar para avaliação, para verificar a necessidade de uma sutura”.
Pronto atendimento
Segundo Junqueira, acidentes envolvendo queimaduras, geralmente, apresentam muita dor e, se for de grande extensão, muitas vezes, precisam ser avaliados por um cirurgião plástico. “Jamais coloque qualquer tipo de pomada, pó de café ou pasta de dente. Apenas deixe o ferimento sob água corrente e leve a um pronto atendimento para avaliação”, alerta. O pediatra relata ainda que traumatismos cranianos (TCE) também são comuns e são os mais preocupantes aos pais. “É normal que a criança chore durante o trauma. Se houver algum tipo de inchaço (os ‘galos’) no local, pode ser feita uma compressa com gelo para que haja uma diminuição”, orienta.
Cuidados
Ele faz um alerta: nas férias, os cuidados precisam ser redobrados e, em caso de acidentes, algumas situações merecem atenção especial. “Desmaio por mais de um minuto, aparecimento do ‘galo’ na região das orelhas e nas partes de trás da cabeça, convulsões, sangramentos auriculares e no nariz, choro irritado (aquele que não é o habitual da criança), dificuldade para andar ou falar, ausência de movimentos em qualquer parte do corpo, mais de quatro episódios de vômitos após alguma queda e sonolência fora do normal, também, precisam ser avaliados por um especialista”, destaca.
Família
Para não levar outro susto, Joanna relata que, durante as férias escolares, toda a família entra na dança para ajudar nos cuidados com o filho. “É nessa idade, de dois a três anos, que se demanda mais atenção. Correm, sobem em tudo... E é perigoso dividir os cuidados com outras atividades, como trabalhar, por exemplo. Aqui, nos preparamos e incluímos a família toda no roteiro, além do clube de férias, que segue auxiliando no desenvolvimento do meu filho. Vou tirar férias por um período e contaremos, também, com a ajuda dos avós, tios e primos”.
Algumas dicas
Com as crianças em casa por mais tempo, é imprescindível que os pais e familiares tenham mais cautela, em especial de modo preventivo, nunca deixando a criança sozinha em um ambiente não adaptado para a idade. E para que a diversão não acabe antes do tempo, Junqueira dá outras dicas: “se for brincar de bicicleta, skate, patins, sempre usar capacetes, tornozeleiras e cotoveleiras. Acidentes automobilísticos, queda de uma altura maior que um metro de altura ou de escadas com mais de quatro degraus também preocupam. Geralmente, os tropeços e as quedas da própria altura não costumam causar grandes complicações. Traumas em membros também são frequentes e fraturas, de modo geral, costumam apresentar intensa dor local, com ou sem inchaço. Tudo isso deve ser avaliado por ortopedista ou pediatra”.
Cadeirinhas
Para evitar algo mais grave durante um acidente automobilístico, o médico reforça a necessidade de uso de cadeirinhas ou assentos. “Pela legislação brasileira, crianças só podem se sentar no banco dianteiro acima de 10 anos de idade e se tiverem mais de 1,40 m de altura. Todo acidente com velocidade acima de 40 km/hora que tenha causado um traumatismo craniano deve ser avaliado em um pronto atendimento, mesmo sem os sinais de alerta acima”.
Um acidente doméstico, um grande susto
“Foi desesperador, meu filho estava correndo pela casa quando virou e bateu a testa no tampo de vidro da mesa. Abriu um corte no meio da testa, entre os olhos, em cima do nariz, ele ficou inteiro cheio de sangue. Como estava nervoso, não conseguimos ver a profundidade e fomos direto para o pronto-socorro”, conta a empresária Joanna Niero, de 39 anos, sobre o filho, Pedro, de 3. “No PS, o pediatra avaliou que o corte não era fundo e que não precisaria de ponto, também fomos atendidos por uma cirurgiã plástica que analisou e disse que não ficaria marcas no local. Voltamos para a casa com as orientações de como medicar e fazer a limpeza do machucado até a cicatrização”, detalha.