Em meio aos canteiros da Avenida Brasil, assim como em outros pontos de Passo Fundo, surge o colorido de algumas árvores. Esta imagem contrasta com o habitual tom cinza do inverno no mês de julho. É a floração fora de época dos ipês-rosas que, de acordo com o nosso clima, floresceriam somente lá pelo final de agosto ou início de setembro. “Isso é normal pelo aumento da temperatura, que se estende pelos últimos 15 dias”, avalia o professor Cristiano Roberto Buzatto. “A planta reconhece como o momento em que a estação está mudando. Ela não sabe que é no dia 22 de setembro que muda a estação”, complementou o professor de Botânica na Universidade de Passo Fundo.
Sinais fisiológicos
O aumento da temperatura serve como um aviso. “Teve uma série de sinais fisiológicos que atuaram no sistema hormonal das plantas para que viessem a florescer”. Isso fica mais nítido nos ipês urbanos (rosa, amarelo, roxo ou brancos), de fácil visualização nas cidades, mas também ocorre com outras variedades. “Todas as espécies que têm a primavera como principal estação de floração estão dormentes até o final de agosto, quando inicia a floração. Porém, agora, elas ‘entenderam’ que seria o momento de florescer e que não teria mais frio”, disse Buzatto. Essa variação de temperatura não afeta tanto algumas lavouras, onde as culturas são mais estáveis.
Aquecimento global
Mas o frio está de volta. “O problema é a geada que é ruim para a florada, pois não dá tempo de frutificarem e produzirem as sementes para perpetuar a espécie”. O calor altera o período de floração e, consequentemente, a fenologia em todas as fases reprodutivas da planta”. Os ipês não são as únicas vítimas que sofrem com as consequências do calor fora de época, pois também mexe com a fenologia de outras espécies. Em relação aos fatores que causam essas alterações, o professor Cristiano citou “o aquecimento global, que está interferindo na fenologia das plantas”. É desta forma que as populares ‘louqueadas do tempo’ prejudicam a preservação das espécies.