Decorridas duas semanas desde que mais de 90 chefes de Estado e representantes de 190 países se reuniram em Sharm El Sheikh, no Egito, a 27ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) termina nesta sexta-feira (18) em mais um esforço conjunto para mitigar os efeitos causados por um cenário de eventos climáticos extremos em todo o mundo.
Assim como ocorreu no ano passado, quando o encontro Pacto do Clima de Glasgow, a edição anual manteve a meta de conter o aquecimento global a 1,5 ºC e, diferente da cúpula anterior, a intenção de sair das negociações e planejar a implementação dos tratados internacionais para o clima pautaram as discussões na COP27. “Espera-se que essa Conferência das Partes produza resultados mais efetivos no controle das mudanças climáticas do que as conferências anteriores, pois é isso que precisamos. Em outras palavras, que os diálogos e compromissos assumidos pelos governantes sejam cumpridos e efetivados como ações”, afirmou o historiador e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Marcos Gerhardt.
Em busca, também, de uma retomada do Brasil no protagonismo internacional para a preservação do meio ambiente, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), falou em um “combate sem trégua” aos crimes ambientais no país a partir do fortalecimento das organizações de fiscalização e sistemas de monitoramento ambientais, além de uma cooperação do agronegócio nacional. “A diminuição das mudanças climáticas depende de um esforço planetário, mas alguns países tem melhores condições de contribuir, como os países mais industrializados e aqueles que geram muitos gases de efeito estufa. Outros países se destacam, pois têm florestas em seus territórios”, observou Gerhardt ao citar o crescente desmatamento registrado nos últimos anos. “Precisamos conservar e restaurar as florestas para capturar carbono e desacelerar as mudanças climáticas”, ressaltou.
Impactos locais
Embora as discussões para o clima estejam centradas a nível global, o docente da UPF menciona que os municípios também podem ser agentes de mudança na pauta ambiental. “O município de Passo Fundo tem somente 5,5% da Mata Atlântica original. Não precisamos desmatar mais. Proteger a floresta que resta, impedindo o desmatamento e promovendo a restauração, é uma ação importante, tanto para melhorar o clima quanto para ter recursos hídricos no futuro próximo, pois a água disponível em nascentes e rios está ligada com as florestas”, pontua.
Ao citar ainda a preservação das espécies nativas para possibilitar a vida de animais silvestres no município, Gerhardt mencionou uma relação de codependência entre as espécies e a sustentabilidade entre os setores da sociedade local. “A economia não será prejudicada se as florestas do município forem conservadas. Ao contrário, vamos proteger recursos importantes, como a água, para a economia seguir produzindo”, enfatizou.