O clima no Planalto Médio conta com quatro estações bem definidas. Têm características medidas nos termômetros, nas roupas que vestimos e na mudança da paisagem. Época de piscina, folhas caídas dos plátanos na Tamandaré, frio de renguear cusco e o colorido das árvores floridas. As folhas de outono já foram levadas pelo vento e, na quarta-feira, o inverno apresenta suas credenciais. Chega tranquilo e sem mudanças abruptas na temperatura. “O inverno começa com temperaturas amenas e chuvoso”, explica o analista do Laboratório de Meteorologia da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato. Nos primeiros dias do inverno de 2023, os termômetros devem oscilar entre 10ºC e 20ºC. Ou seja, nada que assuste aqueles que moram em Passo Fundo, onde os extremos térmicos pregam algumas peças. Este ano o inverno não será tão rigoroso, segundo as análises meteorológicas, pois estará sob a influência do fenômeno El Niño, responsável por trazer mais chuvas e amenizar o frio.
Chuva, sol e mais chuva
O sol sumiu do céu de Passo Fundo na semana passada e, por praticamente quatro dias, despareceu. Voltou a brilhar no sábado e permanece até amanhã, terça-feira. “Foi em consequência da passagem de uma frente fria, uma massa de ar polar que fez com que a temperatura baixasse bastante”, explicou o especialista da unidade da Embrapa em Passo Fundo. “Essa massa polar perdeu força nesta segunda-feira e já provoca aumento de temperatura. Hoje (segunda) a mínima foi de 3,6ºC. Para esta terça-feira a meteorologia indica céu parcialmente nublado e temperatura em elevação. “Teremos na terça entre 7 e 17ºC. De quarta até sexta-feira o céu estará encoberto, com chuvas e temperatura estável entre 10 e 20ºC”, informou Pasinato. Assim, o tempo segue o comportamento previsto de que teremos um inverno chuvoso na região.
Ciclone extratropical
Na semana passada o tempo teve mudanças bruscas. Provocou mortes e destruição no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. “Foi em consequência de um ciclone extratropical, que se formou no oceano em função da frente fria que atingiu essa faixa”. O fenômeno seguiu em direção ao continente e atingiu o litoral. “Isso ocorre, com a passagem da frente fria, que provoca grandes variações de temperatura e de pressão. O resultado foi a ocorrência de ventos de até 100 km/h. Ao mesmo tempo, as chuvas foram intensas em pouco espaço de tempo”. Isso explica a ocorrência de alagamentos e destruição pela força das águas no Vale dos Sinos e outras áreas. “Aqui na região não fomos atingidos pelo ciclone. Tivemos a diminuição da temperatura e mais chuvas, o que foi benéfico para solo”, avaliou em relação à deficiência hídrica depois de um período de estiagem.
Ações para recuperar os municípios atingidos no Litoral Norte
A união de esforços pela recuperação dos municípios do Litoral Norte, região mais atingida pelo ciclone extratropical que passou pelo Rio Grande do Sul na última semana, marcou a primeira reunião de trabalho para reconstrução dos municípios. Coordenada pelo vice-governador Gabriel Souza na manhã de segunda-feira (19/6), em Osório, o encontro contou com a participação de prefeitos e vices de 11 cidades, de secretários de Estado e da Defesa Civil estadual e federal. “Esta é a maior calamidade que vivemos na história da região. O momento agora é para atender às vítimas, com apoio do poder público, e já planejar os próximos passos para reconectar cidades, recolocar escolas em funcionamento, postos de saúde, hospitais, reconstruir casas e cuidar das pessoas”, disse Gabriel.
Balanço
Conforme a Subchefia Estadual de Proteção e Defesa Civil, morreram 14 pessoas em razão dos efeitos do ciclone e uma segue desaparecida. No total, 41 municípios foram atendidos, com registro de 2.330 desabrigados e 602 desalojados. Foi instalado um Grupo de Ações Coordenadas envolvendo diversas forças. Estão sendo empregados todos os recursos humanos e materiais das Defesas Civis estadual e municipais, da Secretaria da Segurança Pública, do Corpo de Bombeiros Militar e da Brigada Militar, além de outros órgãos do Estado e dos municípios. A Secretaria de Assistência Social se agregou ao grupo para concentrar os pedidos de ajuda humanitária dos municípios.