“Só deu tempo de pegar as crianças, com a roupa do corpo e sair correndo”, diz moradora

Defesa Civil Municipal interditou sete casas e deixou outras 12 em monitoramento no Bairro Manoel Portela

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Fotos: Jéssica França/ONFotos: Jéssica França/ON
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A semana iniciou com agradecimento pela vida e ao mesmo tempo com a preocupação de algumas famílias do Bairro Manoel Portela, localizado próximo a linha férrea. A apreensão dos moradores se dá pelos problemas causados em suas residências devido ao alto volume de chuva.

Nessa segunda-feira (20), equipes da Defesa Civil, da Secretaria de Cidadania e Assistência Social e demais setores da Prefeitura de Passo Fundo estavam atuando no local, conversando com moradores e ajudando na retirada de móveis e demais pertences de algumas residências.

De acordo com a moradora Pâmela Teixeira Rodrigues, o problema ocorreu no último sábado (18), quando o barranco próximo a sua casa cedeu. “Moro aqui com meu marido e meus três filhos pequenos, foi horrível em questão de minutos ver descer tudo. Foi no sábado, só deu tempo de pegar as crianças, com a roupa do corpo e sair correndo. Fazia uns dois meses que dava o aviso, mas a gente achou que não teria problema porque da última vez que choveu bastante, desceu o barranco, mas não chegou nem perto de casa”, disse.

 O beco paralelo à Rua Manoel Portela, onde Pâmela morava, contava com diversas residências, sendo que duas delas desmoronaram devido ao volume de chuva. “Nós somos em sete na casa, morava com minha sobrinha, filho e netos. A mais de uma semana, a casa que era de dois pisos dava sinais, a gente via que todo dia quebrava uma lajota, aí chamamos os Bombeiros, eles vieram e colocaram lona por causa da umidade, mas mesmo assim não teve jeito. Na sexta-feira, minha sobrinha disse que a gente tinha que sair dali e acabamos saindo e, no outro dia, acabou que desmoronou tudo”, relata a moradora Soeli de Souza.

 Casas saqueadas

 Além de perder a casa, os moradores não conseguindo tirar os pertences. “O vizinho do lado que também perdeu a casa ainda de madrugada teve que chamar a polícia porque estavam indo roubar lá, como a polícia chegou, não deu tempo de eles entrarem na minha, e mesmo a polícia pegando uns ladrões, outros conseguiram levar dele a comida, lava-jato e botijão”, comenta.

 Aluguel Social

 A Prefeitura ofereceu o pagamento do aluguel social para a família de Soeli. “Vou tentar arrumar uma casa para alugar, é difícil porque a gente acaba perdendo tudo”, diz Soeli. Já Pâmela que teve a casa interditada, mas não perdeu seus pertences, relata que deixará os móveis na sua mãe e ficará com a família na casa de uns compadres.

Expectativa de solução

 Os moradores relatam que a casa e os pertences são conquistas de uma vida e lamentam pelo ocorrido. O morador Telmo Melo Guedes, teve a sua casa e de seu filho interditada, por risco de desmoronamento. “Conversamos com a Defesa Civil e eles disseram que no momento não é viável fazer obra nenhuma ali, tanto é que estão mandando o pessoal da rua de cima evacuar o local, querendo que a gente vá para o albergue e que as nossas coisas fiquem em um ginásio. Mas o que a gente quer é uma solução definitiva da prefeitura, que arrume o local para que a gente possa ficar em segurança. Aqui mora eu e minha esposa e na casa do lado meu filho e minha nora”, diz.

Casas desmoronaram no Bairro Manoel Portela


Atuação da Prefeitura

Segundo a Defesa Civil foi oferecido abrigo às famílias, no entanto, a maioria optou por permanecer em casa de amigos ou familiares em um primeiro momento. Ainda no sábado, após o desmoronamento, o prefeito Pedro Almeida inspecionou a área e visitou os moradores, apresentando sua solidariedade e colocando todos os serviços da Prefeitura à disposição da população. “As nossas equipes têm trabalhado de forma incansável. Neste sábado eu estive no bairro Manoel Portela, que teve grandes estragos. Conversei com os moradores e a primeira preocupação é com a segurança, com a vida das famílias, especialmente das crianças. Precisamos de tempo bom para fazer as obras, pedimos a compreensão de todos e seguimos trabalhando”, frisou o prefeito.

De acordo com o secretário de Cidadania e Assistência Social, Wilson Lill, as equipes trabalharam durante todo o fim de semana dando suporte para as famílias. tanto no bairro Santa Maria, quanto em outros pontos críticos da cidade. “A Rumo está trabalhando já cruzando a casa do seu Darci que conseguimos que ele saísse para segurança, a obra está avançando bem no sentido de conter aquele talude e que estava ameaçando as casas. Tivemos uma casa do outro lado da ferrovia que desabou, não ficou nada infelizmente. Na Vila Manoel Portela, lá desmoronou duas casas, 7 ficaram condenadas, sem acesso e mais 12 em observação. Ali é muito sério o problema”, comentou.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, Fernando Carlos Bicca, foi uma surpresa o deslizamento de terras ocorrido no bairro Manoel Portela. “Duas casas foram atingidas e tivemos abalos em várias outras residências. Num primeiro momento, nós retiramos todas as famílias e no domingo, quando houve uma melhoria nas condições de segurança, porque o terreno secou um pouco, deu uma estabilizada melhor, permitimos que as pessoas retornassem às suas casas, acompanhadas pela Defesa Civil, para retirarem os seus pertences. E hoje (ontem), nós continuamos acompanhando, fornecendo a logística para que os moradores possam retirar os seus pertences, depositá-los em locais indicados por eles ou em locais que a Prefeitura vai oferecer. A mesma situação é com relação ao abrigo dessas pessoas, que nestes primeiros dias estão em casas de familiares. Os locais para acolhimento destas pessoas continuam disponíveis na Prefeitura caso elas tenham necessidade”, disse.


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