Boas perspectivas para a safra de inverno

La Niña está chegando e traz risco de estiagem no verão

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Trigo: clima seco indica boas perspectivas para a cultura - Foto-Arquivo-ONTrigo: clima seco indica boas perspectivas para a cultura - Foto-Arquivo-ON
Trigo: clima seco indica boas perspectivas para a cultura - Foto-Arquivo-ON
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  A meteorologia, em tamanha evidência nas últimas semanas, vislumbra novidades para o Rio Grande do Sul. Basicamente, estamos num período de transição entre dois fenômenos que atuam sobre o Continente. São os últimos dias do El Niño, que trouxe chuvas excessivas, enquanto apresentam-se as novas condições impostas por La Niña. O boletim extraordinário de agrometeorologia, produzido pelo Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), traz análise dos eventos meteorológicos ocorridos no Estado em maio e previsões para o mês de junho. Gilberto Cunha, da unidade da Embrapa em Passo Fundo, também participa do Conselho.

Junho

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para junho indica chuvas abaixo da média climatológica, especialmente na Metade Sul do Estado, e próxima da média na porção Norte. A previsão também indica que as temperaturas do ar deverão ser ligeiramente acima da média na Metade Norte do Estado (anomalia positiva de 0,5°C) e próxima da normal ou até mesmo ligeiramente abaixo na Metade Sul. Não se descarta, porém, a ocorrência de geadas em algumas localidades, especialmente naquelas de maior altitude e na região da Campanha, devido à entrada de massas de ar frio que podem provocar declínio de temperatura do ar, o que é comum nesta época do ano.

A volta de La Niña

De acordo com Gilberto Cunha, agrometeorologista da Embrapa Trigo, entramos num período de mudança. Isso não significa apenas as alterações climáticas com a proximidade do inverno. Refere-se aos fenômenos cada vez mais presentes em nossas vidas: El Niño e La Niña. “É um período de transição, quando El Niño vai perdendo força. No segundo semestre teremos a volta de La Niña. Isso é o que informam centros meteorológicos dos Estados Unidos, da Comunidade Europeia e o Bureau de Meteorologia da Austrália, dentre outros. Todos indicam a presença de La Niña no segundo semestre”. Cunha diz que La Niña terá participação acentuada na primavera. O fenômeno é conhecido por propiciar menos chuvas.

Culturas de inverno

As condições meteorológicas podem representar altos e baixos para a agricultura. Então, diante do conhecimento das alterações durante a influência de La Niña, Gilberto vê boas perspectivas para as culturas de inverno. “Teremos condições ambientais mais favoráveis para o trigo, a cevada, a aveia, o triticale e outras”. Isso pode representar boas safras para a nossa região, com essas e outras culturas da época. “O solo ainda está encharcado, mas com previsão de não ocorrência de chuvas já começa secar. Isso significa boas condições para o preparo da nova safra (inverno), cuja semeadura vai iniciar já nesta ou na semana que vem”, completou Cunha.

Alerta de estiagem

As mesmas influências que serão positivas para os grãos de inverno, podem ser problemáticas para outros segmentos. “Por outro lado, acende o sinal de alerta para a possibilidade de estiagem no verão. É claro que ainda é cedo para prognosticar uma consequência extrema. Mas essa chance não deve ser ignorada”, diz o agrometeorologista em tom cauteloso.

O tempo

Depois de enchentes no Rio Grande do Sul, recorde histórico de chuvas no mês de maio para Passo Fundo e grandes oscilações na temperatura, aumenta a expectativa em relação às condições do tempo para os próximos meses. A safra de inverno terá tempo adequado (seco). “Teremos uma primavera menos úmida do que a do ano passado”. Assim, depois de tanta chuva, os dias secos devem predominar. E, de acordo com as análises disponíveis, pode até culminar com uma estiagem no verão. Certamente, uma “travessura” previsível de La Niña.

 

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