Antecedendo à primavera, depois do Sol encoberto pela poluição chegou a Passo Fundo a chuva preta. Ar seco, fumaça vinda das queimadas no centro do país e da Amazônia e temperatura elevada, então entrou no ambiente uma frente fria. O choque entre massas quente e fria provocou chuva e queda na temperatura. Porém, mais do que uma conhecida oclusão meteorológica, desta vez Passo Fundo e região enfrentam condições adversas para a saúde: poluição e chuva preta. Na quinta-feira, ocorreu uma leve queda na temperatura na companhia de chuvas moderadas. A sensação de ar seco diminuiu, mas os índices de poluentes permaneceram elevados. Os indicativos para esta sexta-feira apontam para uma piora considerável na qualidade do ar. Além disso, a chuva ácida também é um alerta para as condições insalubres.
Ar insalubre
De acordo com a empresa suíça IQAir, que atua com tecnologia de proteção contra poluentes no ar, a qualidade do ar em Passo Fundo é classificada como insalubre! A medição do material particulado (PM2,5), formado por partículas muito pequenas presentes no ar poluído, na quinta-feira era 11,8 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde – OMS. Os valores do US AQI, índice que mede a qualidade do ar, atingiu um patamar muito elevado e bateu em 153. Para esta sexta-feira está previsto um dia também com ar insalubre, pois é esperado um aumento para 184 US AQI. No sábado a poluição diminui para o índice 142 e, portanto, será não saudável para grupos sensíveis. As condições melhoram bastante no domingo, quando o índice será de 62, considerado como de poluição moderada.
Recomendações
Atmosfera insalubre e chuva negra são condições adversas para o corpo humano. Assim, o comportamento deve ser adequado ao momento. Evite exercícios ao ar livre, feche as janelas para evitar a entrada de ar externo contaminado, use uma máscara ao ar livre e utilize purificadores de ar. De acordo com nota da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), “a alta incidência de incêndios no Brasil e no exterior compõem um cenário que compromete a qualidade do ar no país e no RS”. Os vilões são a poeira, a fuligem e a fumaça que estão suspensas na atmosfera. A Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), alerta para a possibilidade de casos de síndrome gripal não relacionados a vírus respiratórios, que podem ser influenciados por outros fatores, como a fumaça resultante de queimadas.
Chuva preta
A chamada chuva preta não tem uma forte pigmentação a olho nu, mas carrega partículas que alteram a sua coloração. “É uma chuva com fuligem, tem mais acidez, um ph baixo em função da alta concentração de fuligem (fumaça)”, elucidou Aldemir Pasinato, analista do Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Trigo. Os valores ainda não estavam disponíveis e, portanto, não é possível mensurar o quanto essa chuva preta é tóxica. Em relação às plantas “serão necessários alguns dias para saber a reação em relação à acidez”. E como visualizar a chuva preta? “É necessário acumular essa chuva num recipiente para observar a cor. Também podemos visualizar sobre a pintura de um carro branco”, sugeriu Pasinato.
Chuva e frio
A quinta-feira, 12, teve chuva na faixa de 50mm, quanto a temperatura em queda oscilou entre 15 e 24ºC. Hoje, sexta-feira, persiste a chuva, “porém, mais à tarde e à noite”, ressaltou o analista da Embrapa em Passo Fundo. A temperatura fica entre a mínima de 16 e a máxima de 22ºC. “Sábado e domingo teremos céu nublado com pancadas isoladas de chuvas. No sábado a temperatura vai de 15 a 21ºC e no domingo de 11 a 18ºC”, informou. Para a próxima semana, as mínimas ficam na faixa de 10 a 12 e as máximas de 20 a 24ºC. “A tendência é de céu claro por dois ou três dias. Mas a fumaça tem probabilidades de retornar, dependendo da atuação de novas frentes e correntes de vento”. E, assim, no outro domingo, dia 22, às 09h44, independente da visibilidade, com ou sem vento de través, a primavera desembarca em Passo Fundo.
