Entre fumaça, bruma, nuvens, sol e chuva, a primavera chega em pleno feriadão. A nova estação tem horário exato para assumir o clima: domingo, 22 de setembro, às 09h44. Com duração até 21 de dezembro, serão três meses na transição do frio de inverno para o calor de verão. A primavera traz o encanto da natureza que floresce, inspira poetas e, em tão lindo cenário, também propicia um envolvente clima romântico. Mas, como é definida a transição do inverno para a primavera? Aldemir Pasinato, analista do Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Trigo em Passo Fundo, explica que a troca ocorre no equinócio de primavera. “É quando o dia e a noite têm a mesma duração, pois o Sol incide no mesmo ângulo nos dois hemisférios”. Isso, porque além de girar, a Terra também inclina em constante translação.
Estação de transição
Nem mais, nem menos. Mais equilibradas, primavera e outono são estações de transição. “Este ano, a primavera marca o início da influência do fenômeno La Niña, ainda que de forma discreta”. A atuação direta é na temperatura das águas do Oceano Pacífico, porém logo os efeitos chegam à América do Sul. “No Brasil Central teremos uma mudança do clima seco para dias de chuva. A possibilidade é de alteração dos sistemas que alimentam as chuvas, através da zona de convergência do Atlântico Sul”, informou Pasianto. Mudanças na parte de cima do país, também significam consequências aqui pela banda meridional.
Mais calor
A tendência normal, a partir de setembro, é pela elevação da temperatura média. “Com La Niña teremos as temperaturas um pouco acima das médias históricas. Porém, os prognósticos do INMET e NOAA (USA) apontam indícios de neutralidade para La Niña nos próximos dias”. O analista explica que a influência será na primavera/verão, dependendo da intensidade da atuação de La Niña. “Teremos uma grande amplitude térmica, com temperaturas na média e acima da média, chuvas irregulares e mesmo o frio tardio em episódios isolados previstos para outubro e novembro”, alerta o analista da Embrapa.
As irregularidades
La Niña, pelo que se conhece, é quase uma incógnita, pois não tem comportamento definido para secas ou chuvas. “É um fenômeno de irregularidades. No Rio Grande do Sul, o prognóstico no início é de algumas mudanças e frentes frias. São episódios complexos convectivos de mesoescala”, explicou. Isso significa a presença de fenômenos dentre eles as chuvas. “Vêm através de conglomerados de nuvens formadas no Chaco do Paraguai e da Bolívia, que trazem os eventos severos da primavera”. E, como bem conhece a sabedoria popular, inclua-se nesses fenômenos a tradicional ‘Enchente de São Miguel’ com suas águas no final de setembro.
Feriadão com de tudo um pouco
Ao melhor estilo da peleia dos farrapos, entre nuvens, sol, chuva e ventos não faltará nem mesmo a fumaça no feriadão Farroupilha. “Teremos de tudo um pouco”, antecipou Pasinato. Depois da chuva que marcou território na quinta, recebemos nesta sexta-feira uma frente fria que chega de supetão, lembrando que esse solo é gaúcho. “Teremos possibilidade de eventos severos. Os alertas do INMET avisam sobre probabilidade de temporais localizados típicos de primavera. Os ventos podem ficar acima de 50km/h. Na sexta a temperatura oscila entre 12 e 20ºC, sábado vai de 12 a 25ºC e no domingo sobe um pouco mais, com mínima de 15 e máxima de 30ºC”. Em patamar comparativo, a média histórica da temperatura nessa época é de 21,6ºC.
Peleia no céu
A fumaça, vinda de queimadas distantes, retornou em menor intensidade na quinta-feira. Deve permanecer por mais alguns dias, já em lenta dissipação. Mas o céu muda muito no feriadão. Começa com tempo de chuva na quinta e sexta-feira. “Sábado, o sol ficará entre nuvens e no domingo há possibilidade de pancadas isoladas de chuvas. Já para a próxima semana, os indicativos são de temperaturas elevadas, especialmente na quarta e na quinta, com máximas de até 32ºC”, concluiu Pasinato.