Janeiro teve apenas um terço da chuva esperada

Déficit hídrico pode causar perdas de rendimento nas lavouras da região

Por
· 3 min de leitura
Sol entre nuvens caracterizou o céu durante o mês - Foto – Gerson Lopes – ONSol entre nuvens caracterizou o céu durante o mês - Foto – Gerson Lopes – ON
Sol entre nuvens caracterizou o céu durante o mês - Foto – Gerson Lopes – ON
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Janeiro de 2025 chega ao final com apenas 31% do volume de chuvas considerado normal para Passo Fundo no período. Isso de acordo com os acumulados até a quarta-feira, 29, registrados pelo Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Trigo. O volume de precipitações estava em apenas 54mm, muito abaixo da média histórica do mês que é de 173,7mm. Já em 2024, ocorreu uma condição inversa e a chuva acumulou 226mm. “O ano passado foi atípico pois estávamos sob a influência de El Niño que trouxe muita chuva”, ressaltou o analista da Embrapa em Passo Fundo, Aldemir Pasinato. A estiagem, que desponta e já preocupa na região, não é em consequência da falta de chuvas apenas em janeiro. “Desde julho as chuvas estão abaixo das médias, à exceção de dezembro quando choveu bastante. A região já vem com déficit de precipitações desde meados de 2024”, informou.

Chuvas irregulares

Sem volumes consistentes, as chuvas de janeiro são marcadas pelas irregularidades. As ocorrências pontuais e rápidas, conhecidas como ‘chuvas de verão’, este ano têm características mais acentuadas pela atuação do fenômeno La Niña. A irregularidade não é apenas no volume de precipitações, mas, também, pela abrangência em relação aos locais que atinge. “Foi aquilo que aconteceu na última segunda-feira, quando tivemos apenas 2mm de chuva na cidade de Passo Fundo. No mesmo episódio foram de 30 a 40mm nas áreas próximas à Cruzaltinha a quase 40 km de distância”, exemplificou Pasinato.

Déficit hídrico

Se a chuva não cai do céu e o forte calor aumenta a evaporação, consequentemente diminui a quantidade de água dos reservatórios que abastecem as cidades. “A tendência é que teremos problemas no abastecimento nas próximas semanas”. O mesmo ocorre com os depósitos de água nas áreas rurais. E, é claro, com o solo onde a seca prejudica algumas lavouras. “Depende do estágio das culturas. Mas, de forma geral, a tendência é que tenha um déficit hídrico. Provavelmente, teremos perdas de potencial de rendimento”, avaliou o analista. No entanto, ressalva que essa perda de resultados não pode ser generalizada. “O déficit hídrico é irregular assim como as chuvas”. Essa disparidade pode ocorrer até mesmo entre lavouras vizinhas. A falta de chuvas pode prejudicar especialmente as culturas da soja e do milho do tarde.


PRÓXIMOS DIAS:

 Chuva rápida, possíveis temporais e a volta do calorão

 O final de semana começa com chuvas ocasionais e esparsas. “Serão pancadas de chuvas irregulares e localizadas, além de a possibilidade da ocorrência de temporais”, diz Pasinato com base nas cartas do INMET. A previsão é de 10mm de acumulada nos dois dias. Já no sábado, fevereiro chega com nebulosidade e abafamento, abrindo a semana que terá sol e máxima de 35º já na terça-feira. Mesmo com abafamento, a tendência é pela diminuição dos raios ultravioleta cujos índices, nos últimos dias, atingiram as condições ‘muito alto” e “extremo”.

 Sem frente fria

Para uma reviravolta meteorológica, o abafado dos últimos dias necessita de um choque com massa de ar frio. Mas isso não deve ocorrer na próxima semana. “Não tem frente fria subindo da Argentina. As chuvas ocorrerão somente em função do calor e da umidade que temos na região”. Porém, Pasinato dá um alento para quem sofre com o calor. “Nesta quinta e também na sexta-feira aumenta a nebulosidade e diminui o sol. Nessas condições ampliam-se as condições favoráveis para chuvas e também dá uma refrescada”. Explicou que a nebulosidade do momento é decorrente da umidade relativa do ar que, às 9 horas de quinta-feira, estava em 80%. Mesmo com chuvas ocasionais e leve queda na temperatura, o abafamento retorna domingo, com predomínio de sol em semana com dias de muito calor.

La Niña

A presença do fenômeno La Niña em 2025, que inicialmente era uma incógnita, vem sendo detectada desde dezembro. De acordo com a NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration – dos Estados Unidos, La Niña deve prosseguir até abril deste ano. Uma das características é a maior amplitude térmica, distanciando a variação entre as temperaturas mínimas e máximas. Aldemir Pasinato detalhou as influências do fenômeno para as próximas semanas: “La Niña continua atuando no verão e vai influenciar o clima em toda a região. Em fevereiro a tendência é que as chuvas fiquem do normal para baixo da média. Ainda serão chuvas irregulares, mas com um pouco mais frequência”.

O tempo no final de semana


Gostou? Compartilhe