O ano de 2025 chega quase ao final do segundo mês com grande deficiência hídrica no Planalto Médio, além de outras regiões também atingidas pela seca. As variações meteorológicas mais recentes são decorrentes da influência do fenômeno conhecido como La Niña. Para os recursos hídricos uma má-influência. Ou, ainda, péssima para as lavouras de soja. La Niña é um fenômeno com características opostas ao El Niño, surge após um resfriamento anormal das águas do Pacífico e bagunça com as condições climáticas no Brasil: chuvas fortes no Norte e secas no Sul. E, ainda, aumenta a distância entre as temperaturas mínimas e máximas. A NOAA - Administração Nacional Oceânica e Atmosférica do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, em recente boletim, informa que La Niña continuará atuando em março e abril. Assim, os prognósticos para os próximos dias não são dos melhores.
A seca de fevereiro
De acordo com Aldemir Pasinato, analista do Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Trigo em Passo Fundo, “até agora choveu apenas 37% da média esperada para os dois primeiros meses do ano”. Detalhando, foram 119mm para 320mm da normal climatológica. “Em janeiro choveu 73mm o que representa 42% de uma média de 173,7mm. Agora, em fevereiro, temos um acumulado de 46mm em 20 dias e isso significa 31% da média de 147mm”. Mas a seca não é consequência apenas dos dois primeiros meses de 2025. “Em 2024, de julho a novembro, a chuva também ficou abaixo da média. A compensação veio em dezembro que teve chuvas acima do normal”. Assim, mesmo com os valores de dezembro, o período julho-dezembro teve 833mm diante de mais de 1.000mm esperados.
Sem chuvas
As chuvas do início desta semana não chegaram aos valores dos prognósticos. “Para os últimos 10 dias estavam previstos 30 a 40mm, mas ficou em apenas 9mm”, informa. Para complicar a situação, não há indicativos de chuvas para esta quinta (21) e nem para sexta-feira (22). Isso, é claro, exceto aquela chuva rápida e isolada que conhecemos como ‘molha-bobo’. “A expectativa por chuvas é somente para a virada do mês e na primeira semana de março, mas ainda serão chuvas irregulares”, alerta Pasinato.
As lavouras
A irregularidade das chuvas ocorre não apenas no volume, mas, ainda, em relação às áreas abrangidas. A chuva do início desta semana pode ter amenizado as condições em apenas algumas lavouras. “Foi boa somente nos locais onde teve um bom volume”, disse em relação às áreas isoladas que foram privilegiadas. Mas, em visão geral, “a tendência de perda potencial de rendimentos é de se agravar, sim”. Os reflexos da estiagem ficarão ainda mais fortes a partir da próxima semana. Além disso, “La Niña continuará atuando até meados de abril”, alertou o analista.
O calor está de volta
Não bastasse a falta de chuvas, temos ainda uma nova onda de calor. Isso aumenta a evaporação e, consequentemente, afeta áreas plantadas e reservatórios de água. “As máximas para os próximos dias ficam acima de 30ºC. Em média, estão 3,6ºC acima dos padrões”, informou Pasinato.
Nesta quinta-feira (21) mínima de 18 e máxima de 30ºC. Sexta-feira (22) mínima de 20 e máxima de 31 ºC. Sábado (23), também com mínima de 20 e máxima de 31 ºC. No domingo aumenta a com mínima de 18 e máxima de 32 ºC. “Na próxima semana as mínimas ficam na faixa de 18 a 20 e as máximas podem passar de 32 ºC”, completou.