Ucrânia: chefe de ajuda humanitária da ONU se diz horrorizado após visita a Bucha

Por
· 4 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

O coordenador humanitário da ONU, Martin Griffiths, se juntou ao pedido por uma investigação sobre o assassinato de centenas de civis em Bucha, na Ucrânia, após uma visita à cidade, na quinta-feira (7).

Em sua visita à Ucrânia, o Griffiths também se reuniu com autoridades nacionais para discutir uma trégua humanitária para permitir a passagem de assistência e a evacuação de civis das áreas mais atingidas pelo conflito. Antes de visitar a Ucrânia, ele esteve em Moscou, na segunda-feira (4), onde também discutiu esses tópicos com funcionários do governo russo.

Em uma atualização, a Organização Mundial da Saúde (OMS) que ao menos 103 unidades de saúde ucranianas foram atingidas desde o início da guerra. A agência já entregou mais de 185 toneladas de suprimentos médicos às áreas mais atingidas do país. Outras 125 toneladas estão a caminho.

A principal autoridade humanitária da ONU se juntou ao pedido por uma investigação sobre o assassinato de centenas de civis em Bucha, na Ucrânia, após uma visita à cidade, na quinta-feira (7). Martin Griffiths esteve em Bucha e em Irpin, ambos localizados nos arredores da capital, Kyiv, acompanhado pelo vice-primeiro-ministro do país, Olha Stefanishyna.

Covas em massa e destruição - O chefe de socorro descreveu a visita como “horrível”, de acordo com o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric. "Ele viu uma vala comum com corpos envoltos em plástico, dezenas de prédios e casas destruídas e carros queimados na rua", relatou Dujarric, em seu briefing diário a jornalistas em Nova Iorque.

Lembrando que o mundo já está profundamente chocado com as imagens do local, Griffiths ecoou o apelo do secretário-geral da ONU por uma investigação imediata e independente para garantir a responsabilização.

Trégua humanitária necessária - De Bucha, Griffiths viajou para Kyiv, onde se encontrou com o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, e outros altos funcionários, incluindo o ministro da Defesa e o vice-ministro das Relações Exteriores.

Ele ouviu seus pontos de vista e preocupações, e também buscou ideias para progredir no estabelecimento de uma pausa humanitária, juntamente com uma passagem segura para entregas de ajuda e evacuações de civis.

Antes de visitar a Ucrânia, Griffiths esteve em Moscou, na segunda-feira (4), onde também discutiu esses tópicos com funcionários do governo russo.

O chefe de assuntos humanitários reafirmou o compromisso central da ONU em ajudar a proteger os civis e alcançar todos os que precisam de ajuda o mais rápido possível.

“Ele também disse que, após sua realocação temporária, a ONU restabelecerá sua presença e liderança humanitária em Kyiv, o que foi calorosamente recebido pelas autoridades ucranianas”, acrescentou Dujarric.

Operações humanitárias - Agências da ONU e organizações humanitárias aumentaram drasticamente as operações na Ucrânia nas últimas seis semanas. Cerca de 160 parceiros estão agora presentes em todas as 24 regiões do país, conhecidas como oblasts.


Os esforços humanitários alcançaram pelo menos dois milhões de pessoas com assistência, e comboios foram mobilizados para alcançar milhares em algumas das áreas mais atingidas, incluindo Sumy, Kharkiv e Sievieredonetsk.

Além disso, um apelo de 1,1 bilhão de dólares para apoiar as pessoas na Ucrânia, lançado no mês passado, está agora quase 60% financiado.

OMS: A paz é o remédio - Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sublinhou o compromisso de apoiar o país a enfrentar os desafios imediatos e as futuras necessidades de reconstrução.

“O remédio para salvar vidas na Ucrânia precisa agora é a paz”, disse o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, falando durante uma conferência de imprensa da cidade ocidental de Lviv na quinta-feira (7).

Mais de 100 unidades de saúde atacadas - A OMS relatou um marco sombrio nesta data, tendo verificado mais de 100 ataques contra serviços de saúde desde o início da guerra, que mataram 73 pessoas e feriram outras 51. Dos 103 ataques até agora, quase 90 impactaram as unidades de saúde, enquanto 13 afetaram o transporte, incluindo ambulâncias.

Devido ao conflito, presume-se que metade de todas as farmácias na Ucrânia também estejam fechadas, enquanto cerca de mil unidades de saúde estão próximas a áreas de conflito ou em áreas em que houve alteração de controle.

Em sua fala, Kluge expressou solidariedade com a Ucrânia e seus profissionais de saúde, que continuam prestando cuidados diante do imenso sofrimento. “Apoio nosso diretor-geral, que, em nome da OMS, pediu consistentemente à Rússia um cessar-fogo humanitário imediato, que inclui acesso irrestrito à assistência humanitária para os necessitados”, disse ele.

Atuação OMS - O trabalho da OMS na Ucrânia está centrado em três princípios. Além de ajudar a manter as unidades de saúde operacionais no país no momento, a agência busca auxiliar os países vizinhos que recebem grande fluxo de refugiados e também se prepara para contribuir para a recuperação da estrutura de saúde ucraniana após o conflito e nas regiões onde as condições acesso e a segurança permitem.

As equipes da agência já entregaram mais de 185 toneladas de suprimentos médicos nas áreas mais atingidas, incluindo a cidade sitiada de Sumy. No total, meio milhão de pessoas foram alcançadas com materiais de apoio a traumas, cirurgias e cuidados primários de saúde.

Outras 125 toneladas estão a caminho, com itens como cadeiras de rodas, meios de comunicação para cegos e outros produtos de assistência.

A OMS também está trabalhando com países vizinhos e em toda a região europeia para garantir que milhões de pessoas que fogem dos combates também possam receber cuidados e que os sistemas de saúde possam gerenciar o fluxo.

Antes da guerra, a Ucrânia vinha fazendo “excelente progresso” contra desafios como tuberculose, HIV e avançando em direção à cobertura universal de saúde. Kluge enfatizou a importância de não perder esse ímpeto.

A OMS está se preparando para redistribuir equipes por todo o país à medida que o acesso e a segurança melhorarem, disse ele, destacando o compromisso de estar presente durante a atual resposta humanitária e na reconstrução pós-conflito.

“A saúde requer paz, o bem-estar requer esperança e a cura requer tempo”, declarou Kluge, acrescentando que é seu desejo mais profundo que esta guerra termine rapidamente, sem mais perdas de vidas. “Tragicamente, esta não é a realidade que vemos”, lamentou.

Gostou? Compartilhe