“A paz é um sonho, mas bem distante pelo cenário e domínio total que eles têm do território”

Neto de palestinos, Amir Read Barakat Jabr, conta sua visão a respeito do sofrimento do povo palestino e da opressão sentida desde que Israel anunciou cerco total a Faixa de Gaza

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Amir Read Barakat Jabr fala sobre a opressão e o sofrimento do povo palestinoAmir Read Barakat Jabr fala sobre a opressão e o sofrimento do povo palestino
Amir Read Barakat Jabr fala sobre a opressão e o sofrimento do povo palestino
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Os últimos dias foram de confrontos intensos entre Israel e o Grupo Palestino Hamas. Para entender como os palestinos veem essa nova etapa do conflito que já dura mais de 75 anos, o Jornal O Nacional conversou com o estudante de Psicologia, Amir Read Barakat Jabr que mora em Passo Fundo há cerca de três anos. Ele é membro da segunda geração de uma família de palestinos no Brasil.

A chegada

Os avós de Amir chegaram ao Brasil por volta da década de 1960 e 1970. “Meus pais são brasileiros e meus avós vieram da Palestina no século passado, eu nasci em Cruz Alta e me criei em Uruguaiana. Meus avós maternos vieram para o Rio Grande do Sul e os avós paternos foram primeiro para Brasília, e depois todos acabaram se instalando aqui no estado mesmo, tenho dois irmãos nascidos em Uruguaiana.”, conta.

Familiares na Cisjordânia

Com apenas uma avó viva ainda, Amir relata que, mesmo estando distante geograficamente, a família acompanha com apreensão sobre o conflito. “Estamos bem imersos em tudo o que está acontecendo lá, nossos parentes ficam na área da Cisjordânia que não está concentrada na parte da Gaza, onde é o foco onde as pessoas estão sofrendo os ataques. Mas mesmo na Cisjordânia é uma parte da Palestina que está ocupada, com o domínio do estado de Israel”, diz.

Amir relata que a comunidade da Palestina busca informar a população sobre o que está ocorrendo, onde as principais vítimas são a população civil que sofre com os ataques de Israel. “A nossa comunidade palestina, tanto aqui no Brasil, quanto a internacional, tenta na diáspora fazer um trabalho informativo que não é feito pelos grandes veículos de comunicação, informando sobre esse conflito. Antes de 1948, não existia o estado de Israel, existe uma ocupação da área e, em 1948, foi criado um plano de partilha onde ficou metade e metade, já sem o consentimento dos palestinos, já que lá era sua própria terra, mas ainda assim foi criado e mesmo essa partilha em 1948 não foi respeitada, com Israel continuando avançando”, contou.

Conforme Amir, dessa forma os palestinos tiveram que se refugiar a um território ínfimo do que era sua abrangência. “Ficando sobre o domínio total de Israel que detém poder financeiro e bélico, fora o apoio de outros países, como os EUA. Essa ocupação é de todo o território palestino, mas na região de Gaza é uma onde eles controlam a entrada e saída de suprimentos, os palestinos que vivem lá estão em situação precária, é como se estivessem em uma prisão não podem entrar e nem sair, e depende totalmente de recursos que vêm de fora. Se eles resolvem dar energia 2h ou 3h por dia, a água é a mesma coisa é assim e tudo é bem controlado sem quaisquer recursos ou direito humanitário”, pontua.

Povo palestino

Amir destaca que Israel promove diversas ofensivas contra os palestinos, fazendo com que muitos civis percam a vida. “Uma coisa interessante a gente levar em consideração é que todos os meses o estado de Israel sempre opera ações contra esse povo, não é nem contra o exército, nem nada, e no fim de semana que a resistência palestina, grupo denominado Hamas que eles operaram uma ação contra o estado de Israel, está sendo justificado para que Israel realize uma ofensiva ainda maior. Na verdade, o que eles estão fazendo é uma chacina, já são centenas de mortos, centenas de crianças e mulheres, então está sendo justificado a ação deles, por conta desse ato da palestina, só que isso não faz sentido, sendo que eles sempre estão em constante ataque.Tudo é extremamente controlado por eles, então a vida deles é extremamente limitada, então o que seria paz ao povo palestino, seria a liberdade. Para a resolução desse conflito, primeiro eles teriam que sair da ocupação”, afirma

Discurso midiático

Amir lamenta como a grande mídia vem abordando a questão, tratando, muitas vezes, o povo palestino como terrorista. “ Fica nossa palavra contra a mídia, existe muita tendência para os grandes veículos de comunicação o discurso pró-Israel.A gente não está sofrendo nada aqui, nossa vida é maravilhosa, refugiados palestinos e árabes amam o Brasil, porque é um lugar onde existe liberdade, acolhimento, o povo brasileiro é acolhedor. A gente não sabe o que é viver na pele do povo palestino. Mas aqui no Brasil o que nos consome é a dor e a revolta de saber o que nossos parentes passam lá e ver o discurso totalmente distorcido e tendencioso dos grandes veículos de comunicação”.


Liga Árabe e União Africana denunciam genocídio contra palestinos

Em comunicado conjunto publicado, a Liga dos Estados Árabes e a União Africana citaram o risco de um genocídio contra o povo palestino, pediram um cessar fogo imediato em Gaza e apelaram às Nações Unidas e à Comunidade Internacional “para que tomem uma posição firme antes que seja tarde demais para impedir que uma catástrofe ocorra diante dos nossos olhos”.

A declaração – publicada nesse domingo (15) - foi assinada pelo Secretário-Geral da Liga dos Estados Árabes, Ahmed Aboul Gheit, e pelo presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki. Os dois se reuniram, domingo, no Cairo, capital do Egito.  

“Uma operação terrestre israelita envolveria, sem dúvida, um grande número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças, o que poderia levar a um genocídio sem precedentes. A Liga Árabe e a União Africana apelaram à comunidade internacional para aderir aos princípios comuns de humanidade e justiça, sublinhando a necessidade de trabalhar coletiva e imediatamente para evitar um ataque prolongado contra os palestinos”, afirma o comunicado. 



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