Uma advogada que viu sua carreira se transformar e hoje está à frente de uma das mais antigas imobiliárias de Passo Fundo. Em um primeiro momento parece não fazer sentido, mas quem conhece a trajetória da empresária Moema Rosa de Souza sabe que no fim tudo se encaixou perfeitamente.
Formada em Direito, em 1982, Moema advogou por cerca de dois anos e por uma circunstância trabalhou na área de condomínios. Foi graças a uma causa ganha que a oportunidade de administrar estes condomínios surgiu. Já nessa época ela percebeu o potencial que existia ali e resolveu investir de fato no ramo. E assim nasceu a Patrimmônio Imóveis. “Hoje eu tenho a Patrimmônio Imóveis em função de uma circunstância, não foi uma opção. Sem a menor dúvida de que o Direito me deu uma base muito grande para todo o desenvolvimento da minha vida empresarial”, lembra.
Segunda administradora de condomínios da cidade na época, a Patrimmônio nasceu, como lembra Moema, em um período em que Passo Fundo já vinha crescendo. Em função disso, o crescimento foi inevitável e com a mesma naturalidade com que nasceu logo a Patrimmônio passou também a realizar locações e vendas.
Hoje, cerca de 25 anos depois, a empresária lembra com carinho do início de tudo. “Olhando pra trás tivemos dificuldades sem a menor sombra de dúvidas, mas muito mais orgulho. Tudo que se faz, na minha ótica, se nós colocarmos na balança e o lado positivo for muito maior, com o negativo a gente aprendeu. Porque na adversidade é que a gente busca soluções para crescer, então graças ao nosso trabalho, a toda uma conjuntura de buscar qualificação, de competência no que se faz, de seriedade, comprometimento que a Patrimmônio foi crescendo e que eu espero que cresça por muitos e muitos anos ainda. Me orgulho muito porque é uma trajetória de uma empresa que com muita força de vontade começou do zero e hoje está bem colocada no mercado de Passo Fundo”, destaca.
Empreendedora por acaso
Por mais que o empreendedorismo sempre tenha chamado atenção de Moema, ele nunca fez parte dos seus planos. Tudo aconteceu de uma forma que ela define como natura. “O espírito de empreender sempre foi algo que me chamou atenção, novos desafios, buscar novas opções para algumas formas de trabalhar, eu sempre gostei muito dessa área”, lembra.
Entretanto, apesar de não ter se preparado para esse desafio antes de ele acontecer, quando a Patrimmônio começou a se firmar no mercado, a empresária investiu em uma gama de cursos de aperfeiçoamento para poder levar com sabedoria o próprio negócio. “Como eu já era formada em Direito, busquei mais tarde fazer um curso de especialização em direito imobiliário na Universidade de Passo Fundo e fiz muitos cursos técnicos que foram surgindo, de gestão de pessoas, de gestão de empresas, de empreendedorismo, então tudo que teve de cursos que poderiam auxiliar na minha trajetória enquanto empresária e isso vem me dado um suporte muito grande para tocar a imobiliária”.
Entretanto, existem outros diferenciais que a empresária acredita que levaram a imobiliária tão longe. Um deles é o fato de a Patrimmônio unir em um único lugar os três departamentos: vendas, locação e administração. O fato de estar a bastante tempo também é um fator importante para ela. “Eu acho que a tradição aliada ao serviço bem prestado e a credibilidade no mercado é uma fórmula que não tem como dar errado”, destaca.
Pioneirismo
O acaso também fez do Moema uma pioneira. Por muito tempo a Patrimmônio foi a única imobiliária tocada por mulheres em Passo Fundo em uma época em que mulheres ainda não tinham tanto espaço como tem hoje. Apesar disso, ela garante que nunca teve problemas com relação a isso. “Eu acredito que as competências sejam idênticas tanto de homens quanto de mulheres. O que eu acho só é que nós mulheres nós somos um pouco mais sobrecarregadas pelo trabalho. Eu estou à frente de grande uma empresa, mas fora isso eu sou casada, tenho dois filhos, tenho casa para cuidar, uma vida social, então a gente tem tudo isso”, comenta.
Casada há 34 anos com José Carlos Carles de Souza, advogado, professor e atualmente reitor da Universidade de Passo Fundo e mãe de dois filhos, Maria Carolina hoje advogada e professora universitária, e João Vicente, publicitário e também professor universitário, Moema sempre conciliou a vida de empresária com a vida familiar e social e não imagina sua vida de outra forma. “Eu acredito que as coisas são postas na vida da gente e que depende muito de cada um, nós todos somos capazes. O fato de eu ter uma profissão liberal foi algo que facilitou eu atender meus filhos, por exemplo, porque a gente consegue se organizar e fazer o próprio horário. É uma questão de conseguir tocar. Sempre fui acostumada a ter muitas atividades. Não administro tão bem, mas acho que não administro tão mal, se administrasse mal não faria tanta coisa”, brinca.
Mesmo já podendo ser considerada uma empresária de sucesso, com uma empresa consolidada, o trabalho não para por aqui. Muito pelo contrário. Moema garante que o principal objetivo para os próximos anos é permanecer no mercado com solidez e com a confiança dos clientes. “Isso é fundamental, é base para qualquer coisa”. A única coisa que ela garante que não pretende mudar por enquanto é a profissão que escolheu. “Pretendo seguir nesse ramo que é algo que eu gosto, me identifico e pelo menos por hora eu não pretendo deixar dela. Esse acaso de eu ter me tornado empresária foi bem interessante. Essa circunstância eu acho que foi uma troca, se bem feita ou não, não dá para dizer, mas foi muito positiva porque eu me sinto muito recompensada, gratificada pelo que eu fiz até agora. Quando eu olho para trás eu sinto mais orgulho do que qualquer coisa”, finaliza.