Muitas marcas que fazem parte do seu dia a dia ou que são muito próximas a você já passaram pelas mãos da Fran. Rainha da p* toda – como ela mesma brinca – aos 30 anos Francine Grando - a Fran –tem tantas experiências para colocar no currículo que causa inveja fácil, fácil. Para começar, trabalhou com marcas como Nextel, Claro, Red Bull, Uber e Ministério da Saúde. Já realizou mais de 110 palestras pelo país todo. Viu seu nome ganhar o mundo a partir do case de estudo em redes sociais – e página no Facebook - chamado “O que queremos?”. E ainda é sócia de uma das cinco melhores agências digitais do Rio Grande do Sul. Tudo isso sendo uma nômade – que finalmente fixou residência -, com quatro dogs para cuidar e a vantagem de trabalhar com o que gosta.
Da “humanas” ao digital
Quem acha que filosofia e marketing digital não têm nada a ver não conhece a Fran. É que a formação dela é em Filosofia. Bacharelado, já que os seis meses de experiência como professora a fizeram jurar que nunca mais daria aulas. Como muita gente dessa geração, Fran acabou caindo de pára-quedas no setor de Marketing da Net Serviços, em Porto Alegre. Lá, em 2008, fazia a monitoria da internet e era responsável por mapear tudo que os usuários falavam a respeito da marca, principalmente nas redes sociais – na época, o Orkut era a principal delas. O resultado não poderia ter sido outro, acabou gostando da ideia e aos poucos percebeu algo interessante nesse processo de entender as necessidades dos usuários e pensar soluções para eles. Nessa mesa época, já imersa no meio digital, resolveu fazer a primeira especialização na área. Estudou análise em comportamento do usuário, tanto online quanto offline, e a partir daí não parou mais.
Em 2010, já quando finalizava a segunda especialização, em marketing digital, deu início a um estudo de comportamento do brasileiro na internet, baseado em um outro estudo feito nos Estados Unidos. Foi esse estudo, inclusive, que deu origem ao meme “O que queremos?”, que ficou conhecido no país todo através do Facebook. E o que era para ser apenas um trabalho de conclusão de curso, fez a Fran chegar longe. “Em 2013 o trabalho foi reconhecido entre os 10 primeiros estudos de comportamento em redes sociais do Brasil. Eu ganhei um prêmio do CNPQ de pesquisa, ele foi comprado pelo governo, e eu continuei com a marca”, conta. Hoje a marca “O que queremos?” é registrada e segue rendendo para Fran um dinheiro que, segundo ela, é revertido em ações sociais. “Sempre que alguma empresa usa, a gente entra com um processo e o dinheiro que eu ganho sempre tento reverter para ações sociais, eu não fico com esse dinheiro. Às vezes as empresas me pedem para usar e em troca eu peço que ela faça alguma ação social também”, explica.
Residência fixa
Em 2014, Fran resolveu dar uma pausa na vida nômade e voltou a Passo Fundo depois de circular pelas principais cidades do Brasil e até da América Latina. Nessa época, Fran – já reconhecida nacionalmente – já atendia algumas das maiores empresas do país. Ao todo, ficou cerca de um ano trabalhando diretamente com as marcas e agências, até que em um desses trabalhos, deu de cara com Lucas Ianitsky, hoje seu sócio, que na época já mantinha a Exclusiv Agência Digital. Conversa vai, conversa vem, os dois descobriram que um completava o outro. “Conversando com ele a gente percebeu que se completava porque as coisas que eu não sei fazer e que eu não gosto de fazer, ele faz perfeitamente e o contrário também. A gente sentou, juntou os clientes, deu certo e resolveu montar uma parceria”, lembra.
Exclusividade e resultados
Hoje a Exclusiv figura entre as cinco maiores agências digitais do Rio Grande do Sul, em número de resultado e clientes. “Nós somos a única agência no sul do Brasil que trabalha com segmentação totalmente orgânica no Facebook. A gente tem clientes no Brasil inteiro que conseguem ter resultados reais. E isso é uma coisa muito difícil. A gente consegue porque a gente sabe como o usuário se comporta e porque a gente acredita que dessa forma funciona”, comenta.
O nome, de acordo com ela, é porque parte da premissa de que, ao estudar o comportamento do usuário é possível perceber que cada um é exclusivo. “Os passos que ele faz dentro da internet nunca vão ser os mesmos outras pessoas. Por mais que duas pessoas curtam as mesmas páginas, busquem as mesmas coisas, gostem do mesmo conteúdo. A forma que uma age dentro do digital não é a mesma que a outra pessoa age”, explica.
Em 2017, após um ano de uma parceria que só cresce, a Exclusiv vai ganhar também uma filial, em Curitiba, no Paraná, e um novo sócio: Lucian Woytovicz, social media da Prefeitura de Curitiba, que ganhou visibilidade ao transformar a página no Facebook da Prefeitura em sinônimo de criatividade e bom humor. “Ele é um dos profissionais da área que acredita e vê que o orgânico funciona, assim como nós”, destaca Fran.
Estudo e experiências
Mais do que o currículo invejável, Fran tem o que muita galera da idade dela sonha em conseguir: a vantagem de trabalhar com o que gosta. Desapegada, garante que sempre foi uma pessoa de experiências e que foi isso que a fez chegar até onde chegou. Isso e também muito estudo. “Essa área é uma área que tem que estudar todos os dias, todo dia surge uma coisa nova. Eu estou indo para minha quarta especialização e sempre que dou palestras eu brinco que o que eu estou falando hoje pode tranquilamente mudar amanhã”, conta Fran afirmando que é um mercado muito difícil. “Eu dou cursos em todo o Brasil, todo o mês eu viajo para vários lugares e o Rio Grande do Sul, por incrível que pareça, é um dos estados mais atrasados nessa área. A culpa não é só do empresário ou do nosso comportamento social. Acho que os maiores culpados são as próprias empresas e profissionais da área”.
Difícil, mas não menos prazeroso. “Eu gosto da área que eu trabalho. Na verdade, sempre, em todos os lugares que eu trabalhei, eu vesti a camisa e eu nem sempre entendia isso. Hoje eu vejo essa questão de ser feliz trabalhando com o que você gosta é muito mais uma coisa interna do que algo relacionado ao ambiente que você trabalha”, destaca Fran que garante que, entre tudo que já fez, uma das poucas coisas que ainda falta, é ter tempo para aceitar os convites que recebeu para dar palestras em outros países. “Isso eu ainda quero fazer”, brinca. “É muito louco porque se você me perguntasse quando eu era criança o que eu queria ser eu nunca ia dizer que queria trabalhar com pessoas e hoje eu trabalho com pessoas e acabou que eu caí nessa área e se eu não tivesse tido a curiosidade de entender que mundo era esse eu nunca ia chegar aqui”, finaliza.