Cozinhar pode ser considerado uma arte. O escritor Millôr Fernandes disse que a “gastronomia é comer olhando para o céu”. E é também dessa forma que Aline Roso, 34 anos, vê a cozinha.
Natural de Passo Fundo, ela morou parte da adolescência em Ijuí e, aos 18 anos, voltou à capital do Planalto Médio para trabalhar e estudar. O desejo inicial era cursar medicina e Aline até já tinha escolhido uma especialidade a seguir: a cardiologia. Entretanto, por percalços da vida, não conseguiu cursar e acabou se graduando em administração.
Aos 26 anos, foi mãe do primeiro filho, Andrey, que hoje está com oito anos e casou-se com Marcelo Roso. Nesse período, ela trabalhava na parte comercial de uma outra empresa. Após o casamento, por conta da sua formação em administração e por ter mais tempo livre, acabou se envolvendo nos negócios da família, um comércio de carnes.
Após quatro anos, veio o segundo filho, Anthonny. Essa gravidez foi planejada, ao contrário da outra. “Eu descobri que estava grávida do meu primeiro filho quando estava com quatro meses. Até hoje eu e minha médica não descobrimos o que aconteceu”, conta.
Mas a mudança na vida de Aline, pode-se dizer assim, ocorreu quando o filho mais velho, Andrey, completou 1 ano. “Eu comecei a fazer ‘sanduichinhos’, cupcakes, pequenas coisas e a festa de dois anos dele fui toda eu que fiz”, conta.
Descoberto o talento, começaram as encomendas. “Eu comecei a fazer para o pessoal mais próximo, fui me interessando e resolvi estudar mais sobre a área. Fiquei sete anos estudando, tenho cursos de patissiere, padaria, cake designer e outros”.
Quando o mundo da confeitaria foi descoberto por Aline, foi amor a primeira vista. “Poder fazer uma réplica de uma flor em açúcar, os detalhes, fizeram com que eu me apaixonasse pela arte de açúcar”. Assim que o filho mais novo completou três anos, Aline viu a possibilidade de dedicar-se com mais firmeza aos bolos e doces. “Na minha concepção, eu não quis fazer nada antes pois queria ser mãe, eu tive uma infância difícil, eu fui criada por uma avó e isso não foi ruim”, relembra.
A cake designer ainda conta que toda a base de cozinha que tem veio da avó, uma imigrante alemã que a ensinou os doces típicos da cultura germânica e a deixava testar receitas de bolachas e outros pratos. “Eu teria seguido pelo caminho da medicina se a minha avó não tivesse falecido, mas me vi sozinha e precisava trabalhar para me sustentar e então surgiu a oportunidade de fazer administração”.
Para ela, todo esse caminho trilhado, de voltar para Passo Fundo aos 18 anos sozinha, ter trabalhado em diversos empregos e feito administração, o casamento e ter sido mãe, foi predestinado. “Eu precisei me tornar mãe para entender o que Deus queria para mim. Talvez Ele não quisesse que eu fosse médica”.
Aline acredita muito em Deus e que Ele a direcionou para uma vida que ela sempre sonhou, de ter uma família. “O meu desejo era dar para os meus filhos o que eu não tive e eu sei que fiz e faço isso todos os dias”.
“Quando pedem para os meus filhos o que a mãe deles faz, eles dizem: minha mãe faz bolo! Eles adoram!” (pode ser um olho ou um box)
Empresa de Família
A marca de Aline, Madame Charlotte foi lançada há pouco mais de um ano. Mesmo com pouco tempo no mercado, a cake designer já entrega doces e bolos para Gramado, na serra gaúcha. Ela conta que o foco da empresa é atender festas, como casamentos, aniversários de 15 anos, entre outras. “Isso foi um presente que Deus me deu. Eu me apaixonei pela confeitaria e amo meu trabalho”.
Atualmente, a empresa tem três funcionárias que, diariamente com Aline, ajudam a tornar realidade o sonho de milhares de pessoas. “É gratificante ver uma criança ou uma noiva feliz com o bolo, que é o que mais materializa o momento, ver a reação no olho da pessoa, ele não engana, é muito gratificante isso”.
O espaço do Madame Charlotte é em anexo à casa de Aline, o que a deixa próxima da família e traz tranquilidade ao trabalho. “Consigo ouvir os pássaros cantando e isso traz paz. Às vezes coloco músicas mais calmas, mas nem precisa, pois ouço o som dos pássaros e isso faz com que eu e as meninas relaxemos”.
“Meu marido é meu braço direito, meu melhor amigo, me apoia e está sempre querendo crescer comigo!” (pode ser um olho ou um bo)
História do nome Madame Charlotte
A empresa precisava ter um nome forte, na visão de Aline, que remetesse sofisticação. Como empreendedora, seu desejo era que o nome ficasse marcado na mente das pessoas; que não o esquecessem. E mais uma vez, ela sofreu a influência do seu bem maior: a família.A história do nome, assim como toda a empresa, tem a ver com a proximidade de Aline com a família.
Charlotte é uma torta feita com bolachas de champanhe e só tem sentido se chamar Charlotte se for feita com as bolachas citadas. O ‘madame’ é de origem da sua sogra. “Minha sogra sempre me chama de ‘madame’, de uma forma carinhosa. Há anos ela me chama assim e achei que aliando ao ‘charlotte’ ficaria um nome sofisticado”.
Madame Charlotte Cake’s Gourmet
Rua Ben Te Vi Casa, 397 - Facebook: Madame Charlotte