O estádio é a cozinha e a corrida é contra o tempo

De Passo Fundo para a Coreia do Sul, André Pinheiro Machado integra o time de chefs responsável pela alimentação dos atletas

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A cozinha onde tudo aconteceA cozinha onde tudo acontece
A cozinha onde tudo acontece
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Os Jogos Olímpicos de Inverno iniciam nesta semana e a sede é o condado sul-coreano de PyeongChang. Com uma população de menos de 50 mil habitantes, a pequena cidade vai receber, no dia 9 de fevereiro, delegações de mais de 90 países que competirão pelas melhores colocações, mas um evento grandioso e marcante como as Olimpíadas envolve equipes que vão além do esporte. Nos bastidores, o trabalho e a organização passam por inúmeros setores e um deles é o da gastronomia. O chef André Pinheiro Machado é um dos únicos gastrônomos brasileiros a participar do evento neste ano e a sua tarefa é das mais complexas: ajudar no preparo culinário que irá suprir as centenas de convidados e participantes envolvidos na cerimônia. O chef, que é natural de São Luiz Gonzaga e chef da cafeteria Ristretto em Passo Fundo, vem construindo através do Facebook uma espécie de diário de bordo, no qual conta suas experiências e aprendizados como profissional da cozinha do outro lado do planeta, onde a diferença cultural fica clara nos ingredientes e no preparo dos pratos. De acordo com André, participam da produção mais de 60 chefs de 25 países diferentes, abrangendo mais de 200 pessoas entre serviço, garçons e auxiliares, que desde o dia 29 de janeiro trabalham incansavelmente para atender a demanda de cinco das chamadas casas de hospitalidade, casa temáticas planejadas para promover a integração cultural dos países participantes, entre elas a do Canadá, a dos Estados Unidos, da Suíça, da Áustria e da Coreia do Sul, além de três dos patrocinadores do evento. No dia 8 de fevereiro a equipe deve servir o banquete de abertura dos jogos para aproximadamente 400 pessoas que fazem parte do Comitê Olímpico Internacional, incluindo chefes de Estado, presidentes, delegações, imprensa e atletas.

 

Profissionalismo

A responsabilidade é grande e o trabalho árduo, mas André considera a nova rotina na região oriental fascinante e enriquecedora. A tarefa exige que os chefs estejam de pé ainda de madrugada, enfrentando temperaturas que chegam a -14°C para receber, em um vigoroso trabalho em equipe, as entregas dos ingredientes (com pedidos alcançando até 200kg de batata e 400kg de cogumelos!) que totalizam mais de 2 toneladas de alimentos manuseadas em menos de 30 minutos, para que a próxima etapa do serviço possa começar através da seleção e preparo das refeições, entre balcões abarrotados de caixas, bandejas, panelas e utensílios pouco usados na cozinha cotidiana, como é o caso das facas do tipo Solingen, com lâminas robustas feitas para os cortes mais minunciosos. Entre os pratos elaborados pela equipe está o risotto de cogumelos, champanhe e frutas, que, conforme André, se trata do risotto mais famoso do mundo, criado há mais de 30 anos pelo chef Anton Mosimann e que já rodou o mundo deliciando pessoas das mais diferentes culturas. No início dos trabalhos, as refeições ficavam entre 130 almoços e 130 jantares por dia, agora, os menus forram as paredes da cozinha com cardápios diferenciados para preparar 5 mil refeições diariamente, entre entradas, pratos principais e sobremesas até o dia 23 de fevereiro e André ocupa o cargo de chef da seção quente. Ele conta que cada pedaço de cebola, carne ou molho que precisa ser cozido ou ir ao forno deve passar pelas suas mãos, uma responsabilidade que demanda exigência, cuidado e muito profissionalismo para que tudo possa ficar pronto no devido tempo, na quantia certa e com o cozimento no ponto ideal, assim, os chefs garantem a sua própria medalha de ouro.

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