Do descarte à arte

Exposição do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS) utiliza objetos retirados do Rio Passo Fundo para fomentar a discussão sobre o descarte incorreto e resgatar a importância do rio e seus afluentes

Por
· 2 min de leitura
Materiais descartados ganham novo significado por meio da arteMateriais descartados ganham novo significado por meio da arte
Materiais descartados ganham novo significado por meio da arte
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Antes mesmo de Passo Fundo nascer, o rio que deu nome ao município já carregava a importância de servir de trajeto para a passagem de tropeiros com couro, gado e sebo. Disso, até ser berço para índios Caingangues e Tupi-Guaranis e terra próspera para industriários e comerciantes, o rio presenciou toda a história de um município que se desenvolveu a partir das terras por onde passavam suas águas. Apesar da enorme importância histórica, econômica e cultural, há anos a situação do Rio Passo Fundo e seus afluentes preocupa pela poluição.

Para resgatar o valor do rio, sensibilizar as comunidades beneficiadas pela Bacia Hidrográfica do Rio Passo Fundo e provocar mudanças no pensar e agir em relação à situação, um projeto vem trabalhando na promoção de exposições e ações educativas relativas ao tema, o “Projeto Rio Passo Fundo: patrimônio paisagístico, natural, ambiental, histórico-cultural, econômico e político”. A proposta é do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS), com o apoio do Museu Histórico Regional (MHR) e do Museu Zoobotânico Augusto Ruschi (Muzar), ligados à Universidade de Passo Fundo (UPF). O projeto é realizado a partir do patrocínio de R$ 300 mil provenientes do Programa CAIXA de Apoio ao Patrimônio Cultural Brasileiro 2017/2018.

Exposições

Para a construção das exposições, que serão abertas à visitação no dia 17 de julho, foram realizadas cinco expedições que percorreram nove municípios em busca de informações e vestígios históricos e ambientais sobre o Rio Passo Fundo. Somente pelo MAVRS, são três exposições. Para uma delas, a exposição “Só Mais Um”, o trabalho conta com uma grande equipe de envolvidos que têm colorido resíduos retirados das margens e do interior do rio durante as expedições, como forma de questionar o descarte incorreto destes objetos. “Esses materiais, que foram recolhidos, higienizados e separados por categorias distintas de acordo com a coleta seletiva, estão sendo pintados conforme a cor de sua categoria para ser montada a exposição. Essa exposição conta também com projeção de imagens feitas do rio Passo Fundo, na água, com a participação do Núcleo Experimental de Jornalismo da UPF”, explica a professora de Artes Visuais e responsável pela expografia, Ivana Rocha Tissot.

De acordo com ela, os materiais pintados serão suspensos por redes de pesca que foram apreendidas por motivo de pesca ilegal, reforçando ainda mais a ideia de que no rio deveria haver peixes e não lixo. O conceito foi desenvolvido por uma equipe de professoras do curso de Artes Visuais, inspiradas nos ready-mades do artista Marcel Duchamp, onde os elementos da obra de arte são apropriações de objetos do dia-a-dia, que recebem um novo significado a partir do tratamento e conceito atribuído a eles. “Nós entendemos a arte como um grande sensibilizador para questões de diferentes ordens. A ideia de fazer uma exposição com resíduos recolhidos diretamente do Rio Passo Fundo pretende sensibilizar a população para o cuidado que deve-se ter com o Rio, com o consumo exagerado e com o descarte irregular e incorreto de produtos, que acabam por prejudicar o meio ambiente e as comunidades que vivem em torno do Rio”, esclarece.

Ainda, outras duas exposições estão previstas: a exposição “Ruídos do Planeta”, uma instalação de autoria de Ivana Tissot, que busca sensibilizar o participante para questões que dizem respeito à extração, produção e o consumo exagerado de produtos e a geração de resíduos que esse processo causa para o nosso planeta. E, por último, a exposição “Percurso poético do rio: terras, cores e nuances”, produzida pela artista Maria Lucina Bueno e acadêmicas do curso de Artes Visuais da UPF, com painéis confeccionados com tintas naturais.

 

Gostou? Compartilhe