Embora ainda pouco difundida na região, nos últimos anos, a prática chinesa do Feng Shui vem conquistando cada vez mais adeptos, especialmente durante o planejamento e a decoração de residências. Até mesmo arquitetos têm se especializado a fim de incorporar a técnica ao próprio trabalho, afinal, os dois têm muito a ver: o Feng Shui é utilizado para harmonizar ambientes, visando o equilíbrio e o bem estar nos cômodos. Originado há cerca de cinco mil anos, o método era muito usado por antigos mestres chineses na hora de escolher locais ideais para a construção de casas e como solução para integrar os homens aos ambientes, partindo do entendimento de que certos tipos de vibrações presentes nos espaços e nos entornos destes poderiam agir tanto de modo benéfico, quanto de modo prejudicial, para o corpo e para a mente. A experimentação combinava elementos de diferentes áreas de conhecimento presentes na cultura chinesa tradicional, com referências de Matemática e, inclusive, Arquitetura.
De lá para cá, a técnica foi sendo moldada e ganhou outras aplicações, mas ainda se mantém bastante fiel ao entendimento básico dos mestres chineses criadores. “Desde seu surgimento, a constante evolução do Feng Shui fez com que ele pudesse ser adaptado aos modernos estilos de vida em que vivemos e é utilizado hoje em dia em inúmeros países de todo o mundo. Ele não é uma religião, um dogma, nem um grande conjunto de superstições. Não estamos falando de uma nova teoria descoberta recentemente e sim de um antigo sistema de estudos. Sua ação é verdadeira e testada ao longo das gerações”, defende a consultora em Feng Shui, Fabiana Ribeiro. De acordo com ela, as técnicas extremamente práticas podem ajudar as pessoas de inúmeros modos, além de poderem ser aplicadas não somente dentro dos lares, mas também em ambientes de trabalho. “Na família, o Feng Shui orienta a criação de relacionamentos harmoniosos entre marido e esposa, harmoniza a relação com filhos, estimula sua prosperidade, neutraliza a perda de dinheiro, promove uma boa saúde e muito mais”, exemplifica.
Aplicação no dia a dia
Para ajudar na aplicação do Feng Shui, um profissional pode ser contratado a fim de realizar a avaliação de um imóvel e sugerir adequações, mas é preciso ficar atento à formação deste consultor se não quiser cair em charlatanismo. Como em qualquer outra profissão, prestar consultoria em Feng Shui é uma tarefa que demanda estudos. No caso de Fabiana, que oferece o serviço em Passo Fundo, ela explica que começou a aprofundar-se no ramo estudando a Escola de Chapéu Negro, uma das linhas teóricas modernas do Feng Shui. “Depois que estudei a Escola de Chapéu Negro, amei e me especializei estudando outras escolas, mas sigo sempre estudando e fazendo cursos sobre isso. Também pratico o Feng Shui no meu dia a dia e na minha vida”, ela compartilha.
Quando contratada para uma consultoria, Fabiana explica que vai até a casa ou a empresa e avalia o ambiente, as direções, a natureza do local e até mesmo a planta-baixa da construção. “Fazemos todo um estudo do local e depois apresentamos ele para o cliente, para que ele conheça e saiba sobre o próprio espaço. Quando a cura nos ambientes é feita, o retorno na vida dos clientes é muito rápido”. No método de Feng Shui da Escola do Chapéu Preto, sugere-se que, conforme a situação diagnosticada em um ambiente, sejam implantadas nele soluções baseadas em símbolos, que de alguma forma representem a energia que precisa ser ajustada. E, por acreditar que os objetos interferem no movimento de energia nos espaços, a harmonização é feita levando em conta a posição de móveis e objetos de decoração, cores, formas e posições. Prezando, sempre, por um ambiente mais minimalista possível, para que não haja excesso e acúmulo de objetos, que - de acordo com a teoria do Feng Shui - resultariam na retenção de energia do ambiente, bloqueando assim o fluxo e, em reflexo, a vida do morador em questão. A representação de elementos naturais também é primordial dentro da teoria e tem bastante ligação com seu nome: na tradução literal, a expressão chinesa significa “vento-água”.
Para realizar a avaliação, os consultores adeptos à essa escola usam um Ba Guá - uma espécie de mapa em formato octogonal -, que é alinhado com a porta de entrada do imóvel em questão e ajuda a identificar na planta-baixa o tipo de energia presente ali e o que precisa ser harmonizado naqueles ambientes. Para o Feng Shui moderno, existem oito cantos dentro de uma residência e cada um deles é responsável por representar e influenciar uma área da vida. São eles: trabalho, amigos, criatividade, relacionamentos, sucesso, prosperidade, família e espiritualidade. Assim, a casa deveria, segundo a técnica, ser mobiliada de acordo com seu canto, considerando que cada setor (denominado de “guá”) tem uma cor, um elemento e uma forma específica. Para entender, observe a ilustração do canto de trabalho (que pode ser uma sala de estudos, uma biblioteca ou um homeoffice, por exemplo) na ilustração do Ba Guá: o Feng Shui recomenda que este espaço tenha cores preto ou azul-escuro, forma sinuosa e a água como elemento. A partir da identificação de tal guá, o Feng Shui acredita que ele pode ser ativado quando decorado com objetos relacionados aos elementos citados.
Embora pareça um tanto esotérico, algumas avaliações propostas pelo Feng Shui são bastante práticas. Ele orienta, por exemplo, que em um quarto a cama não deve ficar posicionada muito próxima à porta. Deste modo, você ficará menos vulnerável a eventos barulhos e correntes de vento, além de se sentir mais protegido ao dormir, principalmente se a posição da cama permitir a visibilidade da porta, para que mesmo deitado você possa ver quem entra no quarto. Outra orientação é que a cabeceira fique encostada à uma parede sem janelas e, se possível, que não esteja em contato com a parede de um banheiro, já que provavelmente esta seria uma parede pela qual passam os encanamentos do banheiro e que lhe deixaria exposto a eventuais barulhos da passagem de água pelos canos e à energia negativa do esgoto. Assim, levando em conta a estrutura da casa e indo muito além da mera consideração de elementos decorativos e da espiritualidade, um conjunto de fatores é avaliado pelo Feng Shui, para que a casa esteja alinhada às energias consideradas ideais.
Dicas de aplicação do Feng Shui para a sua casa
- Represente os elementos
Observando os elementos do Feng Shui recomendados para cada cômodo, conforme indica o Ba Guá, mantenha objetos que remetam a água, ar, madeira, terra ou metal. No Guá de sucesso, por exemplo, velas podem representar fogo. Já no Guá de espiritualidade e de relacionamentos, em que o elemento predominante é a terra, um vaso de cerâmica pode ser uma opção útil e elegante.
- Evite acúmulos
Para que a energia dos ambientes não fique retida e não bloqueie o fluxo e as emoções, tente manter os ambientes mais minimalistas. Se houverem objetos quebrados nos cômodos, é melhor consertá-los ou então jogá-los fora, para que eles não tragam energias negativas. Você já deve ter percebido que organizar a casa sempre traz uma sensação boa, não é?!
- Abra as janelas
Deixar o ar circular, abrindo as janelas, além de saudável permite que as energias boas se renovem e não deem lugar às negativas.
- Preste atenção nas cores
Se possível, converse com um consultor de Feng Shui para que, com a ajuda do Ba Guá, ele observe qual cor é a mais indicada para os cômodos da sua residência. As cores têm um grande poder de influência energética.
- Posicione bem os móveis
É importante que os móveis lhe passem sensação de segurança e não restrijam a circulação. Na sala, por exemplo, o Feng Shui orienta que se tenha cuidado para que a mesa de centro não dificulte o fluxo de passagem e o sofá não fique com as costas para a porta, pois isso o deixaria vulnerável - esta última regra vale também para a posição da cama nos dormitórios. Nos quartos, aliás, a fim de evitar a ansiedade subconsciente, também deve ser evitado o uso de objetos pesados em cima da cama, como nichos, prateleiras e afins.