Com a chegada do verão, correr contra o tempo em busca de uma pele bronzeada se torna um comportamento comum. A alternativa encontrada por muitas pessoas, nessa situação, é investir em produtos que aceleram a pigmentação da pele por meio da exposição ao sol, como é o caso daqueles compostos por parafina. Embora a substância de fato seja capaz de potencializar o tão desejado tom dourado da pele, por outro lado, ela traz também riscos graves à saúde quando não utilizada corretamente, podendo causar sérias queimaduras.
Opções duvidosas de aceleração do bronze são observadas desde a década de 90, quando as camas de bronzeamento artificial ganharam popularidade, até serem proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2009, devido aos seus comprovados malefícios. “A partir daí, as pessoas têm tentado formas alternativas de se bronzear, recorrendo principalmente aos autobronzeadores”, observa a dermatologista Paula Magrin. Em Passo Fundo, seguindo a tendência nacional, já existem espaços especializados no bronzeamento com aplicação de produtos aceleradores e marquinhas de biquíni feitas com fita isolante. “Esses produtos fazem uma espécie de pigmentação da pele. Na maioria das vezes, não são perigosos, mas devem ser usados com muita cautela, assim como todas as formas de bronzeamento que não visam a proteção solar”.
Segundo a dermatologista, os riscos vão desde queimaduras até câncer de pele. “Tanto o sol, quanto máquinas e outros produtos de bronzeamento, são nocivos e promovem o envelhecimento precoce da pele por uma alteração do DNA, que atinge a fibra elástica e colágena, acarretando em mudanças degenerativas. Além disso tudo, a gente sabe do risco aumentado de câncer de pele. O bronzeamento artificial, por exemplo, aumenta em até 75% o risco de melanoma. É o câncer de pele que mais tememos, por ser o tipo mais grave e que pode levar à morte”.
Cuidados a serem tomados
Para aqueles que não abrem mão de utilizar aceleradores de bronzeamento, Paula Magrin cita alguns cuidados que podem prevenir eventuais danos. Entre eles, está a exposição solar em horários e tempos adequados (antes das 10h e depois das 16h), a ingestão de água para manter o corpo hidratado e a fotoproteção. “O filtrosolar nunca deve ter fator abaixo de 30 e deve ser reaplicado com frequência. No dia a dia, recomendamos que seja aplicado a cada quatro horas, mas se a pessoa está na água ou se ela percebe que suou muito, deve reaplicar com uma frequência maior, normalmente a cada duas horas. Há ainda as barreiras físicas de proteção; chapéu, boné, guarda-sol, tudo isso ajuda, mas de forma alguma substitui a proteção solar”. A profissional lembra ainda que o ideal é, sempre que possível, ser avaliado por um dermatologista, para saber qual produto se encaixa para a pele de cada indivíduo. “Existem opções muito variadas de fotoprotetor e cada dermatologista, avaliando o paciente, vai saber indicar o melhor. Já no pós-sol, a hidratação é o principal cuidado”.
De olho nos sintomas
Durante o verão, é bastante comum encontrar pessoas com marcas na pele causadas pela combinação de peças de roupa e exposição solar. De acordo com a dermatologista Paula Magrin, essa vermelhidão - chamada de eritema pós-exposição - é o primeiro sinal de que houve abuso do sol. “A partir daí, surgem casos mais graves. A gente sabe que o sol muitas vezes causa consequências não somente a curto prazo - exposições e queimaduras repetitivas podem acarretar em problemas mais graves no futuro. Qualquer casquinha ou ferida na pele que não cicatrize e leve mais de 30 dias para melhorar pode ser uma lesão precursora de câncer de pele. Sem contar as lesões pigmentadas, que muitas vezes podem ser induzidas pelo sol e serem benignas, mas em outros casos são lesões pré-existentes, que algumas pessoas já têm tendência a ter, e que a partir delas surgem lesões mais graves, como o melanoma”.