OPINIÃO

Comunicação em tempos de Covid-19

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Em 2020, e não interessa o idioma ou a modalidade (escrita ou falada), Covid-9 (ou coronavírus) possui credenciais para ser escolhida como a palavra do ano. Desde que essa doença infecciosa, causada pelo vírus SARS-coV2, foi diagnostica em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, estamos, literalmente, imersos em um mar de informações (muitas desencontradas, inclusive) sobre Covid-19; quer seja pelos veículos tradicionais de comunicação, pelas redes sociais ou nas conversações pessoais do dia a dia. Mas, apesar de algumas pessoas não se aperceberem, são muitas as INFORMAÇÕES e pouca, de fato, a COMUNICAÇÃO.

Notícias sobre o avanço da pandemia da Covid-19 pelo mundo, estatísticas de casos diagnosticados, contabilização do número de mortos, taxas de ocupação de leitos de UTI, conversas com especialistas, opiniões pessoais das mais variadas matizes, comentários de jornalistas, entrevistas com parlamentares e lideranças políticas, posicionamento público de autoridades dos três poderes (nas esferas federal, estaduais e municipais), compartilhamento de postagens pelas redes sociais, etc. são INFORMAÇÕES importantes, ajudam e às vezes atrapalham, porém não contribuem como deveriam na busca de solução para o problema se não houver, efetivamente, COMUNICAÇÃO.

A comunicação é um processo social e vai além da mera apresentação de informações e aguardar que as pessoas tomem as melhores decisões. Se os problemas do mundo fossem resolvíveis apenas com informações, o acesso ao Google bastaria para que tudo fosse facilmente solucionado. Muitas pessoas, nesse caso da Covid-19, fariam (e algumas estão fazendo) loucuras, se orientadas apenas pelas informações que circulam livremente (e criminosamente) pelas redes sociais. São exemplos, as receitas de tratamentos preventivos ou curativos que, em casos extremos, podem matar ou, na melhor das hipóteses, serem inócuos ou deixarem sequelas leves.

O relevante, por ora, é como a informação sobre a Covid-19 tem chegado até o público a quem se destina. Há necessidade que essas informações façam sentido e sejam úteis, para que seja possível a tomada da melhor (e mais sensata) decisão diante de casos concretos. A torrente de informações despejada sobre nós diuturnamente, muitas com viés ideológico explicito e oriundas de fontes de credibilidade duvidosa, suscitam mais discussão do que auxiliam na definição do caminho a ser seguido. Nenhuma dimensão, nesse processo de comunicação pode ser ignorada; com destaque para a econômica, ainda que a saúde pública e a preservação de vidas devam sempre ser colocadas em primeiro lugar.

A comunicação, no caso da Covid-19, é necessária e fundamental para destacar a importância dessa doença, melhorar a compreensão das pessoas sobre a gravidade do momento (muitas ainda estão apegadas à atitude negacionista ou preferem a politização das discussões) e promover o engajamento da comunidade nas ações em prol da solução desse problema que ora nos aflige, quer sejam inciativas públicas ou privadas. O desafio de comunicação nesse processo não é pequeno. Audiências diferentes podem receber a mesma mensagem de forma distinta, especialmente quando estão envolvidas emoções ou ideologias. E é por isso que, nesse tipo de circunstância, o profissional de comunicação exerce, para o bem ou para o mal, um papel de elevada relevância. Nessa ora, e nenhum comunicador pode ignorar isso, deve contar mais as evidências do que as opiniões ou os credos políticos.

Não há dúvida que estamos mais preocupados com a Covid-19 do que estávamos há apenas dois meses. Mudamos o comportamento social, a forma de trabalhar e o padrão de consumo e algum ficaram desempregados ou sem a renda da informalidade (e há indícios que a economia pode piorar). Mas, não devemos ignorar, que, em tempos de pandemia, muito do comportamento social, para não cair em anarquia, deve obedecer à regulamentação oficial. O que aumenta a responsabilidade e a importância dos profissionais de comunicação.

Concluindo, há espaço, sim, para melhoria da comunicação e do debate público em tempos de Covid-19 no Brasil. Só informação não basta!

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