Se empreender já era extremamente desafiador no Brasil, com a pandemia essa se tornou uma tarefa inviável para muitos segmentos da economia. Desde que a pandemia começou, mais de 700 mil empresas fecharam as portas no Brasil, um número consideravelmente maior do que a média de 600 mil registrada anualmente, segundo dados divulgados pelo Sebrae. Algumas empresas fechando em definitivo, outras temporariamente, mas todas impactando também no número de pessoas desempregadas e no número de imóveis comerciais vagos. Entre os segmentos que mais sofreram desde o início da pandemia, segundo pesquisas realizadas pelo Sebrae, estão o turismo, economia criativa, academias e atividades físicas e logística e transporte.
Mas a pandemia também revelou dois extremos. Da mesma forma que alguns foram prejudicados, pela crise financeira, pelas medidas de restrição ou mesmo pela mudança de comportamento do próprio consumidor, outros permaneceram ilesos e outros, ainda, encontraram espaço para se desenvolver e expandir seus negócios. Entre os setores menos prejudicados desde o início da pandemia podemos destacar os pet shops e serviços veterinários, delivery de refeições, empresas ligadas à saúde, ao agronegócio e aos serviços empresariais. Vale ainda ressaltar que na medida em que fomos passando maior tempo em casa e nos adaptando à nova realidade, outros segmentos também foram ganhando maior visibilidade como o mercado imobiliário, o setor moveleiro e a construção civil.
Agora que a pandemia parece estar perdendo força, já podemos observar também os primeiros sinais de uma possível retomada econômica. A busca na locação de imóveis comerciais é um bom termômetro para medir isso. Mesmo que ainda discreto, o movimento já permite acompanhar uma maior confiança por parte do pequeno empreendedor que sabe como se reerguer, mesmo após as piores crises. A busca por imóveis comerciais está sendo reaquecida na cidade principalmente por parte de empreendedores que visam mudar o ramo de atuação, apostando nos segmentos com maior destaque atualmente. Aqui em Passo Fundo estamos vendo uma grande atração de clínicas estéticas, clínicas odontológicas, representação de medicamentos e itens hospitalares, assim como franquias de alimentação e pequenas indústrias. Sem falar, é claro, no movimento de empresas que estão retomando as atividades que estavam temporariamente suspensas.
Em termos de faturamento, o cenário parece mais favorável, principalmente para empresas que funcionam em lojas ou salas térreas, instaladas fora de shoppings e demais centros comerciais. Isso porque mesmo tendo que implementar mudanças no atendimento ao público, estas empresas enfrentam um nível menor de dificuldade para manter suas operações. De acordo com o último levantamento do Sebrae, a perda de faturamento dos pequenos negócios está diminuindo gradualmente nos últimos meses. Para se ter uma ideia, em abril a queda no faturamento chegou a ficar 70% abaixo do normal e agora já apresenta melhora, com uma média de 40% de perda.
A retomada das atividades econômicas também representa uma chance de reverter o número de desemprego que infelizmente cresceu muito nos últimos meses. Com mais empresas voltando a atuar, maior também serão as oportunidades e a esperança de que logo menos estaremos mais fortes para vivenciar um novo momento econômico no país.