Atrás das máscaras
Em meio ao baile de máscaras desta pandemia, reconhecemos as pessoas pelos detalhes ou gestos. Acredito que o olhar é uma identidade muito forte. Observamos as pessoas de forma diferente, pois as máscaras escondem rostos, assim como os rostos escondem a alma. Para vê-la, uma visão diferente se faz necessária, ou, é claro, apenas um olhar verdadeiro. A autenticidade de quem vê permite delinear o princípio vital de quem é visto. Vivemos mascarados. Não sabemos ver além de rostos. Enxergamos fachadas e não olhamos para o interior. A alma não se esconde por timidez. Nós é que temos imensa dificuldade em enxerga-la. Diante de nossa insensibilidade, todos estão mascarados. Nascemos, crescemos e vivemos num mundo com fortes valores materiais, discriminações e preconceitos. Nosso olhar é superficial e não permite ver a essência das pessoas. Enxergamos rostos, corpos, roupas, adereços e movimentos. Mas não detectamos a alma. Os rostos são como as máscaras, pois protegem as almas das incursões de olhares indesejados. Então, aproveitando que estamos no baile de máscaras, vamos fechar os olhos e sentir as vibrações emitidas pelos semelhantes. É necessário desembaçar o materialismo do olhar para compreender o espírito.
Os culpados
Passo Fundo em bandeira vermelha. De quem é a culpa? Governador? Prefeito? Comerciantes? Não! Os culpados são todos aqueles que desrespeitam o isolamento social e as exigências sanitárias. Culpados são aqueles que desdenham da pandemia em plena pandemia. Culpados são os que circulam desnecessariamente pela cidade. Culpados são os que levam toda a família às compras. Culpados são aqueles que atravessam a cidade com os filhos para comprar um sorvete. Culpados são os que promovem ou frequentam baladas clandestinas em tempo de isolamento. Culpados são todos aqueles que promovem jantares ou encontros nessa época, mesmo que seja em suas casas. Culpados são os que não usam máscaras ou a colocam no queixo. Além da bandeira vermelha, põem em risco a vida de terceiros. Então, mais do que culpados, são criminosos.
Um novo bipartidarismo?
Que época, hem? Pandemia, seca, gafanhotos, ódio, insanidades e a raiva exalada pelo rompimento de catacumbas. Para complicar o momento, resolveram impor o viés político em tudo. É a favor ou é contra. Não há meio termo e, o mais preocupante, o diálogo vem sendo suprimido pelo tom autoritário. Chegamos ao cúmulo de politizar uma pandemia. Temos quem é viciado em cloroquina, enquanto outros não tomam nem com gelo e limão. Há um lado que olha apenas para quem escapou da morte, mas não enxerga os cemitérios. Na antípoda, só visualizam tragédia e não veem resultados. Assim, em perigosa bipolarização, ou ficamos de um lado ou do outro. Na prática, já vivemos o bipartidarismo. E nesse retrocesso, lá vamos nós para a paupérrima lógica do oito ou oitenta. O raciocínio está em extinção. Filosofar atiça a ira dos fantasmas, pois o pensamento assusta a irracionalidade. Faltam os debates. A conversação pode nos salvar de caminhos extremos que conduzem às trevas.
Pachecônica
Sábado tem Feijoada Pachecônica, sob comando do nosso Bardo-chef Ricardo Pacheco. Seguindo a etiqueta mais elegante desta época, terá serviço drive thru no Rito Espaço Coletivo. Entre o violão e as panelas, o Pacheco se vira nos trinta. Ou bem mais, é claro.
Iracélio
Nosso intrépido Iracélio diz que não está em isolamento (tóc, tóc, tóc) social. “É um retiro sanitário”, afirma. Ele vem atirando tiradas pelas redes sociais. De fato, no Facebook os comentários estão bombando. Ora, cresceu o olho do Turcão Iracélio que me ligou. “Schneider, pede pro Mucinho me arrumar um espacinho no O Nacional. Pode ser bem pequenininho, uns dez centímetros já tá bom”. E, então, Múcio, o que eu digo para o Iracélio?
Trilha sonora
Da Eslovênia, o Perpetuum Jazzile - Africa
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