OPINIÃO

Jaquelina Spinelli

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Ontem foi um dia de se despedir da minha irmã mais nova, Jaquelina Spinelli, que enfrentou bravamente um câncer durante quase dois anos. Um misto de tristeza, revolta e ao mesmo tempo de muita reflexão. Reflexão sobre o verdadeiro sentido da vida e de como devemos ser gratos pela dádiva de ter pessoas especiais como a Jaque em nossas vidas. Minha irmã cuidou dos meus pais por mais de vinte anos e alguns dias depois do falecimento de minha mãe em dezembro de 2018 recebeu o diagnóstico da doença e seis meses de tratamento se despediu do pai. 

Neste tempo minha família demostrou na prática o que nossos pais nos ensinaram, a solidariedade, união e empatia. Jaque recebeu todo o amor, atenção e cuidados que precisava e merecia. A doença foi enfrentada com a ajuda das médicas Julia Pastorello e Nicoli Henn, que com a equipe do Hospital das Clínicas, proporcionou à minha irmã, assim como aos demais pacientes oncológicos daquela instituição, todos os recursos médicos, sem esquecer-se do carinho que o ser humano precisa. 

Um filme me passou na cabeça quando recebi a notícia pelo meu irmão Beto, o mais velho. e figura que representa a unidade de nossa família. Dos tempos da Santa Marta na SOCREBE. nas nossas idas na escola com o José e Giovana e, ainda, da chegada do Betinho em 1979 quando fomos conhecer o irmão na sacada do hospital.

Lembrei-me das idas ao mercadão quando a alegria era ir até o mercado com nossos pais para o rancho e ficávamos na Kombi e apenas um entrava e havia o rodízio todo mês. Quando ficávamos na fila para comer pinhão que o pai abria e batia no cepo, ou da vez que comandei a venda das garrafas do galpão por picolés. Muitas lembranças e boas lembranças da minha comadre e do carinho que tinha pelos sobrinhos e também das vezes que Aninha vinha reclamar que a dinda tinha brigado com ela.

O tempo passou minha irmã, nos despedimos dos avós, tios, pais e amigos. Você foi primeiro ao encontro de todos eles e ficamos com todas as lembranças, saudades e gratidão. Sou grato ao que você nos representou e agradeço por todo o carinho que você teve comigo, mas principalmente pelas lições que passou. 

Na vida a Jaque construiu um grande patrimônio, e entre eles, foi a de cultivar amigos, e na hora da despedida não faltaram pessoas para dizer adeus e obrigado.

Obrigado Jaque, obrigado e se todas as vezes que eu disse que te amava foram insuficientes eu te repito em letras maiúsculas EU TE AMO minha irmã e sempre estará nas minhas orações e lembranças. Para terminar este texto, quero dizer que farei tantos “arroz doce” quantos forem necessários para superar o que você fazia. Mais cremoso, não muito doce e no ponto. Um dia eu consegui e não adiantava você ficar torcendo para eu esquecer a receita. Beijão no teu coração.  


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