Será que chove?
É muito interessante a relação do homem com as condições do clima. Utilizamos um tempo considerável para tratar sobre o tempo. O tempo muda e os instrumentos para saber sobre o tempo seguem evoluindo. Não importa a época, persiste a velha perguntinha ‘será que chove?’ A expressão é tão usual, que até serve para quebrar o gelo num primeiro contato entre namorados. Há um bocado de décadas, a palavra previsão sequer era utilizada. Os instrumentos mais eficazes eram a espiada no Boqueirão ou a manifestação de um incômodo calo.
Mas as mudanças climáticas sempre foram previsíveis, até porque são conhecidas e inseridas no clima em que vivemos. Nos meus tempos de aeroclube, após uma segunda época, devorei dois livros de meteorologia. Vento, pressão atmosférica, umidade e o misterioso formato das nuvens colocaram os meus pés no chão em relação às condições do tempo. Mas sempre com a cabeça nas nuvens da incerteza. Os jornais e as rádios ampliaram o espaço dedicado à meteorologia, trazendo condições do tempo e as primeiras previsões. Foi assim lá pelos anos 1990, aqui nas páginas de O Nacional, quando Gilberto Cunha assumiu o papel de o nosso Homem do Tempo. O material já era mais preciso, possibilitado pelo acesso à tecnologia. As informações, que antes chegavam por telegrama, já estavam online pela internet. A observação das nuvens vinha de cima, via satélite.
O tempo da ampulheta andou e apressou os caminhos do tempo das nuvens. Hoje, todas as camadas do céu estão na palma da minha mão através de aplicativos. As previsões têm animações com imagens de satélite. Sei que, hoje, a temperatura oscilará entre 3 e 12ºC. Informa que não teremos chuva. Mas, por falta de assunto ou nervosismo, continuamos perguntando: será que chove?
Bandeira roxa I
Observando o movimento no centro de Passo Fundo, constato que nada ou muito pouco mudou com a troca da bandeira laranja para a vermelha. No comércio o movimento parece o mesmo. Fecharam centros comerciais, shoppings, bares e restaurantes. É óbvio que a pandemia está corroendo o caixa e também dizimando pessoas jurídicas. Mas, empiricamente, vejo que temos mais pessoas circulando pela cidade. Isso é um contrassenso. E o uso da máscara parece que já está fora de moda. A expressão ‘fique em casa’, que era para ser cumprida, ficou no esquecimento. É importante lembrar que estamos todos no mesmo barco diante de um inimigo invisível. O momento exige unidade e disciplina.
Bandeira roxa II
A capa de O Nacional nesta terça-feira diz tudo. Estampa uma chamada principal sobre a terceira semana de Passo Fundo sob a bandeira vermelha e, abaixo, a vergonhosa imagem de uma festa com 150 pessoas no interior. Enquanto isso, no centro tem uma ruidosa baladinha privé nos finais de semana. Tamanha agitação não combina com o clima de pandemia. E a pandemia não é terror. É uma triste realidade. Então, se continuarmos com essa péssima conduta, em caso de bandeira preta pouco mudará. Essa é uma premissa lógica, apontando que numa muito provável transição para a bandeira preta o desrespeito persistirá. Então, acredito que a única bandeira que poderá funcionar é a bandeira roxa. Sim, com a cor roxa que representa a vergonha.
Bola murcha
Esse forçado futebol na pandemia é um risco desnecessário para atletas, comissões técnicas, dirigentes, arbitragem e todos os envolvidos. Pior. Além de motivar reuniões para assistir os jogos, também é um péssimo exemplo. Mas o dinheiro é um investimento de risco que também coloca (os outros) em risco.
Trilha sonora
Engelbert Humperdinck acompanhado pela Sinfônica de Praga - The Way It Used To Be