OPINIÃO

Disparada na venda de imóveis tem motivos e consequências

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Desde que a pandemia começou o mercado imobiliário tem ganhado grande destaque nos jornais do país, mas, nos últimos dias, a disparada na venda de imóveis foi manchete quase unânime nos veículos de comunicação. Como pode, em plena recessão, um setor bater recorde em vendas? Para responder essa questão sobram motivos. 

Só neste primeiro semestre, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) os valores destinados ao financiamento de imóveis aumentou 28,6% se comparado ao mesmo período do ano passado. Em junho, terceiro mês completo sob distanciamento social, R$ 9,27 bilhões foram financiados indicando o melhor resultado dos últimos três anos. 

No conjunto de justificativas para todo esse aquecimento estão estímulos do próprio governo. Além de carência de 6 meses para começar a pagar o financiamento de imóveis novos, inclusão de despesas com ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis) em financiamentos com recursos do FGTS ou da poupança (SBPE), a Caixa acaba de reposicionar linhas de financiamento para aquisição de terreno e construção individual.

A novidade chega no momento em que a preferência do público consumidor é justamente essa, investir na qualidade de vida e mudar para imóveis residenciais maiores, com espaço ao ar livre. Na modalidade de financiamento de Lote Urbanizado, o comprador poderá financiar até 70% do valor de avaliação com taxa de juros efetiva de até TR + 8,50% a.a. Já para “Aquisição de Terreno e Construção” e “Construção em Terreno Próprio” as taxas podem chegar a TR + 6,50% a.a..

Outro atrativo para investir na própria moradia é a tranquilidade financeira que ela oferece. Enquanto proprietários e inquilinos travam negociações para driblar a inadimplência de aluguel, desde o início da pandemia muitos proprietários de imóveis financiados puderam recorrer à suspensão temporária da cobrança. A Caixa, que já havia prorrogado a iniciativa para 4 meses, anunciou na última semana que seus clientes já podem solicitar a suspensão das parcelas por mais 2 meses, totalizando 6 meses sem cobrança do financiamento imobiliário.

Sem falar, é claro, nas menores taxas de juros que temos acompanhado nos últimos tempos. Com a Selic em baixa, bancos privados têm entrado com afinco na disputa pelas melhores condições. Entre os que fazem a frente está o Bradesco com taxas de até 6,95% a.a. e Santander chegando a 6,99% a.a..

Mas engana-se quem acha que a movimentação beneficia exclusivamente o mercado imobiliário e as instituições financeiras. Mesmo com lançamentos estagnados, a demanda por imóveis tem liquidado o estoque disponível no mercado e aumentado a contratação de profissionais da construção civil. Dados do Caged apontam que em junho, enquanto indústria, comércio e serviços diminuíram o número de vagas, a construção registrou mais de 17.000 novos empregos de carteira assinada.

Temos, portanto, um segmento que mesmo nas maiores crises consegue se reinventar, provando todo seu valor e sua força ao absorver as novas demandas do mercado e, mesmo com as adversidades, ainda assim entregar números históricos. 

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