OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), cerca de 17% da humanidade depende exclusivamente do comércio internacional para se alimentar e evitar a fome. Para o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a insegurança alimentar seria a “ausência de um acesso permanente aos alimentos necessários para uma vida ativa e saudável”. A geopolítica do alimento ou a Segurança Alimentar Global é um tema efervescente, no mínimo, desde a Primeira Guerra Mundial, onde restava clara a possível dominação de um país, devido a sua carência alimentar. A decorrente tentativa de se criar uma governança global alimentar surgiu no pós-Segunda Guerra, com a criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Desde então, a insegurança alimentar passou a ser, cada vez mais, um relevante indicador geopolítico no tabuleiro das relações internacionais. Nesse contexto, é que surgiu o Índice Global de Segurança Alimentar (GFSI), organizado pela Unidade de Inteligência da prestigiada Revista The Economist, cuja última edição é de dezembro de 2019. O índice mensura três dimensões, em 113 países: 1) da acessibilidade, que congrega questões como o poder de compra, a vulnerabilidade ao choque de preços e os programas de reação quando os choques ocorrem; 2) da disponibilidade, que analisa a capacidade nacional de suprir, o risco de desabastecimento e o investimento em pesquisa; 3) da qualidade e segurança, que reúne a variedade nutricional e a segurança do alimento.

Brasil 

Dos 113 países analisados, o Brasil pontua em 39º. Os países com menor risco de insegurança alimentar, no último relatório são: Singapura em 1º, Irlanda em 2º e EUA em 3º. Entre os vizinhos sul-americanos, o Brasil está atrás da Argentina, Uruguai e Chile. Entre os principais desafios brasileiros apontados pelo índice, tomam destaque o PIB per capita relativamente baixo, a carência de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a infraestrutura. Mesmo assim, o Brasil está longe da insegurança alimentar.

Passo Fundo e a geopolítica do Agro 

No período de janeiro a agosto de 2020, a soja representou 90% das exportações do município. O principal destino é a China, que possui 87% de participação. Nas importações de Passo Fundo, a Argentina tem 63% de participação e a China 15%, no mesmo período. Lideram nas importações a cevada, com 44% e o trigo, com 18%. No GSFI, a China pontua em 35º/113 e a Argentina, 37º/113, ambos relativamente perto da pontuação brasileira. Chama a atenção, no relatório do índice, dois apontamentos em relação ao mercado argentino: o risco da instabilidade política e a volatilidade da produção agrícola. A alta concentração no mercado chinês e a relativa dependência da Argentina são pontos relevantes na geopolítica do município. Quanto a China, em que pese a diversificação de mercados ser uma boa estratégia, o país não representa insegurança alimentar aumentada, no índice. Em relação a Argentina, o debate deveria ser mais intenso. A instabilidade política pesa no ranking, como um fator de incerteza.

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