OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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A abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas é sempre um momento oportuno para a análise dos discursos das principais lideranças mundiais. Esta semana foi marcada pela 75º Assembleia, que devido ao Covid-19, foi a primeira a ocorrer em modalidade a distância. Recai ao Brasil, por tradição, proferir o discurso de abertura dos encontros. A manifestação do Presidente Jair Bolsonaro traz uma série de elementos da geopolítica internacional, dos quais muito já tratamos aqui em nossa coluna. Podemos dividir o discurso em cinco eixos principais: 1) tecnologia e o 5G; 2) Agricultura e Amazônia; 3) OCDE; 4) paz e convenções; e 5) comércio internacional. Aqui não iremos adentrar nos assuntos de política doméstica e nem nos contornos ideológicos.

Tecnologia e o 5G  

A coluna já trouxe aos leitores de Passo Fundo a divisão atual do mundo em praticamente dois ecossistemas tecnológicos, o americano e o chinês. Enquanto o certame das frequências do 5G não ocorre, o lobby dos EUA e da China, cada vez mais se intensifica. No discurso, Bolsonaro alerta que o Brasil irá negociar somente com aquele país que respeitar a soberania brasileira e, principalmente, a proteção de dados dos brasileiros. Deixando clara a sua inclinação.

Agricultura e Amazônia 

Na seara da agricultura, Bolsonaro reafirmou o papel relevante do Brasil no contexto da segurança alimentar global, uma vez que muitos países dependem de nossos alimentos. No aspecto da Amazônia, talvez tenha faltado maior assertividade em relação a sua soberania. A condicionante apresentada foi a de que, sendo o Brasil um dos maiores fornecedores mundiais de alimentos, a culpabilidade pelas queimadas seria estratagema para esconder o forte lobby dos produtores rurais europeus, por exemplo.

OCDE 

O pleito para a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE) é uma das pedras angulares da atual política externa. O discurso reitera esse pleito, observando que o Brasil estaria preenchendo os requisitos para o ingresso na instituição. Ocorre que a OCDE, desde o início da pandemia, recomendou aos seus membros políticas públicas de distanciamento e testagem massiva, elementos que parecem ter escapado no controle da crise pelo governo.

Paz e convenções 

O discurso recorrentemente salientou a questão da paz. Ao indicar claramente a responsabilização da Venezuela pelo vazamento de óleo, que em 2019 chegou à costa do nordeste brasileiro, Bolsonaro surpreendentemente evocou a Carta das Nações Unidas e a Convenção para o Direito do Mar. Causou certa estranheza, também, a defesa da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), cuja origem remonta a década de 1980 e também foi uma das bandeiras dos governos que defendiam uma política externa Sul-Sul, criticada pelo atual governo.

Comércio Internacional 

No aspecto do comércio internacional, faltou pragmatismo. A menção ao acordo Mercosul-União Europeia foi breve. Faltou um posicionamento mais claro da estratégia comercial brasileira, no mundo. 

  

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