O primeiro debate presidencial entre Trump e Biden, nos EUA, deu o tom das eleições americanas de novembro: um pleito recheado de muitas incertezas e riscos. Para a grande mídia, o debate foi caótico. Para a política prática, o já esperado: Trump impondo a sua maneira de agir, agradando o seu eleitorado e Biden quase sem empolgação para levar o seu eleitor às urnas. Algumas autoridades americanas alertam para a possibilidade de protestos massivos no dia do pleito, 3 de novembro, aumentando os riscos de instabilidade em um momento de clamor democrático. Soma-se a isso, a segunda onda do Covid-19 que começa a assolar, principalmente, os países europeus, gerando uma incerteza sobre o retorno do mesmo, em solo americano. Outra incerteza está na forma da votação. Enquanto Trump alega que os votos pelos correios podem ser fraudados ou, até mesmo, sofrerem algum tipo de ingerência, Biden parece não estar preocupado com essa questão, restando relativa confusão entre os eleitores. A tônica do debate resguardou-se aos assuntos domésticos como a Suprema Corte, a economia, o Covid-19, entre outros. A política externa não figurou em qualquer momento, se não, pela breve citação de Biden em relação a Amazônia e a possibilidade de suportes econômicos. O recado foi claro. Se Biden restar vitorioso, talvez esse seja um ponto de tensão na relação com o Brasil, levando em conta também as declarações de sua colega de chapa, Kamala Harris, contra o Governo brasileiro.
A segunda onda do Covid-19
Como vimos, a primeira onda do vírus alastrou-se no hemisfério norte, no início ano, em grande medida, pela intensidade relativamente maior de voos internacionais em relação ao hemisfério sul. Com o vírus alastrado, restou toda a sorte de políticas públicas para controlá-lo. Ocorre que, mesmo em países com sistemas de saúde fortificados, como no caso dos europeus, a segunda onda do vírus parece ter tomado uma escalada considerável. A Alemanha estabelece algumas projeções preocupantes até o final do ano, com a possibilidade de 19 mil casos por dia, números que superam inclusive os da primeira onda, em abril. Ao criar políticas assertivas de controle e de distanciamento, delegando autonomia aos Estados, Merkel tem se destacado como liderança e exemplo aos demais países europeus. As pesquisas de opinião apontam que a Chanceler tem o apoio de 72% dos alemães, com as suas medidas de enfrentamento. Por outro lado, a França também tem chamado a atenção. Os casos do vírus tomaram escalada significativa, com 10 mil casos em um único dia, acendendo o sinal vermelho na Organização Mundial da Saúde (OMS). Outro sinal vermelho acendeu também no mercado financeiro, com mudanças perceptíveis na Bolsa. A incerteza fiscal, a reabertura e o possível descaso gradual com as medidas de distanciamento geram muitas incertezas para os investidores. Incerteza maior é se, e quando, uma possível segunda onda chegará no hemisfério sul e quais serão os seus impactos nas já combalidas economias dos países latino-americanos.