As passeatas ainda passam
Não gosto da desnecessária expressão ‘carreata’, criada pela Globo nas eleições de 1989. Prefiro passeata, pois vem de passeio que pode ser a pé, a cavalo ou de carro. Pois bem, nos turvos anos das décadas de 1960/70, grandes passeatas entraram para a história deste país. Da política ao futebol, sair às ruas é um gesto para extravasar sentimentos. Sim, vai da manifestação da raiva à alegria que transbordam na alma. Também virou praxe nas campanhas eleitorais. Ao olhar mais ingênuo, a extensão dos desfiles seria um termômetro do poderio eleitoral. Já Aniello D’Arienzo, nosso cientista político-mor, sempre diz que “carro não vota”. Baseado nessa premissa, eu prefiro avaliar as candidaturas pelo aspecto comportamental das suas passeatas.
É muito interessante estar atento à conduta de quem desfila no trenzinho de campanha. Nos detalhes podemos conhecer mais sobre a índole dos candidatos, seus cabos eleitorais e simpatizantes. O primeiro item que conta pontos é o uso do cinto de segurança. Este ano, obviamente, ainda temos o quesito máscara de proteção. Mas, além dessas obrigatoriedades, outras exigências também devem ser cumpridas. Aí vêm as bebidas alcoólicas, corpo para fora do carro e tantos outros inaceitáveis absurdos. Alguns presságios negativos são o barulho excessivo e o mau gosto nas músicas. Ora, homens públicos devem primar pela finesse da civilidade urbana. Assim, enquanto as passeatas passam, observe atentamente os detalhes.
Lurdes Bonoto
Na semana passada, aos 77 anos, morreu em Passo Fundo a Dra. Lurdes Teresinha Bonoto Vieira da Cunha. Em meio século de atuação, ela foi um referencial nacional em odontologia e recebia pacientes de todo o país. Fez escola como professora nas cadeiras de Prótese Dentária, Oclusão e Saúde Coletiva. Tive o privilégio, como paciente ainda lá pelos anos 1980, de conhecer o seu talentoso trabalho. Gostava tanto do que fazia que, enquanto esculpia uma prótese ou restaurava um dente, Dra. Lurdes até cantarolava ou assoviava para extravasar toda a sua alegria. Como diz o Dr. José Roberto Vanni, “ela estava sempre décadas à frente do seu tempo”.
Nelson Ribas
Amigo das mais urbanas e civilizadas tertúlias, Nelson Ribas está no seleto time que assina a coletânea Contos Contemporâneos 2019. A edição é da Oficina de Criação Literária Alcy Cheiuche. Inspirado pelos matizes dos cenários que passou, em cinco contos Nelson abre o tapume para soltar a sua verve literária. Envaidecido pela distinção de um exemplar, fico a espera de nosso próximo encontro para decantarmos esses e outros contos. Em outras palavras, teremos letrinhas com gelo. Forte abraço, Nelson.
Xapanã
Ao primeiro olhar, podemos estranhar que estamos no ano do Orixá Xapanã, associado à saúde. Mas ele também está relacionado à varíola e outras doenças. De acordo com o Pai Magno, temos a sorte de enfrentar uma pandemia num ano com a proteção de Xapanã. A verdade é que a saúde está em evidência, ganha novos olhares e valorização. E, para aumentar nossas esperanças, é bom lembrar que importantes descobertas para a saúde ocorreram em anos regidos por Xapanã. Ufa!
Iracélio
Não sei se é pessimismo ou lógica do nosso sempre atento Turcão Iracélio. Dia desses, em bate-papo com o Léo no Oásis, ele fez um relato sobre as tantas coisas ruins deste inóspito 2020. E, em tom filosófico-conclusivo, arrematou: “parece que estamos no início do princípio daquilo que seria o começo de algo muito ruim”. Faz sentido, Iracélio. Faz sentido.
Trilha sonora
Se na original língua espanhola os boleros são um encanto, como ficam no romântico tom da língua francesa? Aqui está. Avalon Jazz Band - Bésame Mucho