As eleições americanas se aproximam. No dia 3 de novembro já poderemos saber se Trump será reeleito ou Biden assumirá o comando. A eleição americana sempre foi um marcador geopolítico sensível, afinal, o país, EUA, ainda é a maior potência mundial e as implicações do resultado da eleição têm o potencial de alterar significativamente a conjuntura internacional. O pleito é marcado por peculiaridades e difere muito da nossa forma de sufragar. A votação não é obrigatória e depende muito da capacidade dos candidatos em motivar os seus eleitores a irem às urnas. Como uma democracia indireta, o resultado do voto popular não é decisivo. Na eleição de 2016, em que pese Hillary Clinton ter obtivo mais votos populares, a decisão final coube aos colégios eleitorais. Cada Estado possui um número de delegados eleitorais, proporcionais. Ao todo, são 538 delegados. O vencedor precisa de 270 votos dos delegados. Há Estados com grandes colégios eleitorais, como o Texas, Flórida ou Ohio, por exemplo. Há ainda os famosos “Estados-pêndulo”, que mudam sua preferência a cada eleição. As mais recentes pesquisas ou levantamentos dão conta de que a eleição será relativamente concorrida, não estando Trump e Biden com grande margem de diferença. As mesmas indicam também que parece haver nesse pleito uma maior participação do eleitorado democrata.
Impactos no mundo
Em âmbito global a eleição americana poderá ser decisiva em algumas questões geopolíticas. Talvez a principal delas seja a relação futura com a China. Até que ponto cabe aos EUA refrearem o apetite chinês? Uma questão determinante neste século é o 5G. Quem dominar a tecnologia irá dominar uma porção de questões sensíveis, dos armamentos à saúde. Outra questão é o avanço militar chinês. O Mar do Sul da China é um dos epicentros da tensão geopolítica da atualidade. O projeto chinês de uma marinha de longo alcance é audacioso. Destaca-se também o protagonismo dos projetos da vacina contra o Covid-19. Nesse ponto, os EUA devem demarcar seu território, mas o projeto de Beijing avança rapidamente. Trump e Biden possuem visões marcadamente distintas de política externa, enquanto o primeiro adota um excepcionalismo, que de certa forma tem protegido os americanos e o ocidente, o segundo já adota um cosmopolitismo, que poderia em tese, fragilizar a posição americana em alguns contornos geopolíticos mais acentuados, que demandam mais assertividade.
Impactos no Brasil
O Brasil possui, historicamente, uma boa relação com os EUA. Essa construção, que antecede significativamente os governos das últimas décadas, seria muito difícil de ser deteriorada. O atual governo adota um alinhamento substancial com Trump. O principal objetivo parece ser o acesso à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), apoiado por Trump. No caso da vitória de Biden, muitas agendas e alinhamentos se perderiam, mas não suficientes para abalar a relação entre os dois países.