OPINIÃO

Vinte oito de outubro de 1974

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Com a finalidade de incentivar o cultivo de trigo no Brasil, o Governo Federal, via a lei n.º 470, de 9 de agosto de 1937, criou a “Estação Experimental de Passo Fundo”. Este estabelecimento começou a funcionar em 1939, sendo inaugurado pelo presidente Getúlio Vargas, em 22 de novembro de 1940, cuja placa alusiva à data denominou-a de “Estação Experimental de Trigo”. A sede da “Estação Experimental de Passo Fundo” ficava no distrito de Engenheiro Luiz Englert (hoje pertencente ao município de Sertão, emancipado em 1963), em cujo local, na atualidade, funciona o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Sertão.

A triticultura no Sul do Brasil, até a primeira metade do século XX, era, majoritariamente, realizada nas chamadas terras de mata. O local, uma área de cerca de 1700 ha, fora escolhido por se assemelhar aos preferidos pelos colonos para cultivar esse cereal. Devido às limitações de localização e, especialmente, com o deslocamento das lavouras de trigo das áreas de mata para áreas de campo, em 1969, com a aquisição de uma área de 300 ha, esta estação experimental seria transferida para os arredores da cidade de Passo Fundo. Surgia, inaugurada em 1972, a “Nova Estação Experimental de Passo Fundo”, cujas instalações, localizadas às margens da Rodovia BR 285, km 294, serviriam para sediar, a partir de 28 de outubro de 1974, o Centro Nacional de Pesquisa de Trigo (CNPT).

A Embrapa foi formalmente instalada em 26 de abril de 1973. A nova instituição buscaria dinamizar a estrutura de pesquisa agropecuária no País, com o objetivo de tornar o Brasil um grande produtor de alimentos. Na organização da empresa eram contemplados centros nacionais de pesquisa por produtos, temáticos e ecos-regionais. E entre os produtos considerados importantes para o desenvolvimento do País estava o trigo. A resolução nº. RD 006/74, assinada pelo diretor da Embrapa, Dr. Almiro Blumenschein, designou Augusto Carlos Baier, Rui Colvara Rosinha, Erycson Pires Coqueiro, Avahy Carlos da Silva, Mário Bastos Lagos, Amarilis Labes Barcellos, Ottoni de Souza Rosa e Walter Frederico Kugler, para, sob a coordenação do primeiro, prepararem o anteprojeto de implantação do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo ─ CNPT; com prazo até 30 de setembro daquele ano para a apresentação do relatório.

O grupo de trabalho reuniu-se em Brasília, de 30 de julho a 3 de agosto de 1974. Analisaram-se a tradição em pesquisa e em produção de trigo no Brasil, além da infraestrutura experimental e a concentração de pesquisadores realizando estudos. E, por unanimidade, definiram a Região Sul como localização ideal para o CNPT. Na visão dos membros do grupo, após visitas realizadas a locais predefinidos, para receber as instalações do CNPT, sobressaíram-se, em ordem: Passo Fundo, Cruz Alta e Ponta Grossa. Para corroborar a definição, via questionários, foram entrevistados técnicos que trabalhavam com trigo no RS, em SC, no PR, em SP, em MG e em GO. As respostas evidenciaram Passo Fundo como a primeira opção, Cruz Alta como a segunda e Londrina (em vez de Ponta Grossa) em terceiro lugar. Londrina e Sete Lagoas ficaram como locais que complementares às atividades de pesquisa do CNPT.

E foi assim que a cidade de Passo Fundo acabou definida como sede do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo. Em 28 de outubro de 1974, com a “missão de executar e coordenar as atividades de pesquisa em todas as regiões tritícolas do país, objetivando aumentar a produção nacional de trigo”, houve a inauguração do CNPT, 1ª Unidade Descentralizada da Embrapa, com a presença do então Presidente da República, General Ernesto Geisel.

Passados 46 anos, há a consciência que a Embrapa Trigo cumpriu um papel importante na superação de muitos entraves que inviabilizavam o desenvolvimento da triticultura brasileira. Alguns, todavia, ainda estão presentes e outros surgiram, exigindo preparação permanente da empresa para o uso de novos enfoques em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Oxalá que venham outros 46 anos!

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