Os municípios gaúchos, após intenso período de eleições, demarcarão o seu futuro. Com reeleição ou renovação dos mandatos, muitos são os desafios que as prefeituras irão enfrentar. Há, todavia, uma dimensão que parece ser negligenciada nos debates e propostas dos candidatos: a internacional. No atual cenário de retomada da pandemia, a dimensão internacional passa a ser ainda mais relevante, visto que permite o acesso do município às oportunidades internacionais. A internacionalização das cidades deveria ser um investimento estratégico inclusive como resposta à conjuntura que a pandemia, infelizmente, trouxe. A internacionalização do município, também conhecida como “paradiplomacia”, está inscrita no resíduo constitucional brasileiro. À União, é resguardado exclusivamente o direito de firmar tratados internacionais. Fora dessa competência, são enormes as possibilidades e benefícios da atuação internacional dos municípios, o que requer um diagnóstico e uma estratégia precisos.
Estratégia de articulação global
O primeiro passo é a elaboração de um diagnóstico vocacional do município, que fundamente uma estratégia de atuação internacional. O ente subnacional passa a ser um ator global, o que demanda um marco legal. A partir daí, o município consegue buscar parceiros internacionais, conduzir projetos e acessar recursos internacionais. Um projeto de articulação internacional é voltado para o benefício de todos os cidadãos, dos setores público e privado, uma vez que o mesmo tem como objetivo o incremento da competitividade e do desenvolvimento.
Promoção comercial
Cada município tem vocações muito particulares, voltadas à região em que está inserido. Além delas, a promoção comercial dos seus produtos pode ser ainda mais intensificada. Mapeando-se as cadeias produtivas e a interação internacional delas, verificam-se mercados ainda não explorados, unindo o governo e as empresas.
Projetos e recursos internacionais
Ao apresentar ao mundo os seus objetivos e a sua estratégia, em outros idiomas, o município pode, doravante e com muito mais facilidade, estabelecer novas parcerias internacionais, elaborando projetos técnicos em pontos de interesse, tendo acesso aos recursos internacionais, inclusive não reembolsáveis. A estratégia é apresentada aos principais organismos internacionais, redes de cidades e potenciais cidades-irmãs (cidades que podem manter laços de amizade, comerciais e estratégicos).
Covid-19, boas práticas e um diferencial
A conjuntura trazida pelo Covid-19 pressiona ainda mais os municípios a adotarem, urgentemente, uma estratégia de articulação internacional que possa abrir mais um canal de captação de recursos. Ao se tornar um ator internacional, a cidade ainda pode buscar e trocar boas práticas no tema do enfrentamento do Covid-19. São muitos os exemplos internacionais. Os municípios que buscarem uma articulação internacional efetiva e permanente, certamente irão se diferenciar na retomada da pandemia e para sempre.