OPINIÃO

Conjuntura Internacional

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Os EUA doravante, com a vitória de Biden, irão passar por um realinhamento não apenas no plano doméstico, mas também na dimensão internacional, com uma nova configuração em sua política externa. As visões de Trump e Biden são muitas distintas. Trump aproximou o país de uma abordagem reconhecida como excepcionalista, cujo objetivo foi a defesa de um nacionalismo no plano ideológico e um protecionismo no plano internacional. A consequência mais observável dessa postura foi o rechaço ao multilateralismo e suas organizações internacionais, reafirmando-se certa autossuficiência. Por seu turno, Biden deverá promover novo aceno ao multilateralismo, imprimindo uma política externa que poderíamos denominar de cosmopolita, ou seja, despreocupada com as “fronteiras ideológicas” e mais centrada em uma defesa do multilateralismo, cuja evidência resta já na intenção do Presidente eleito em retornar ao Acordo de Paris, que versa sobre a mudança climática. Cabe lembrar que Biden, durante o seu mandato de vice de Barack Obama, foi um hábil articulador da política internacional, inclusive com o Brasil, onde já esteve duas vezes, uma delas para as negociações de caças com a Força Aérea Brasileira (FAB). Em que pese a relação atual do governo Bolsonaro com os EUA, Trump não visitou o Brasil. A relação entre Brasil e EUA é histórica e secular e, certamente, não será a mudança no governo americano uma ameaça às relações, uma vez que Biden é um articulador internacional com viés diplomático, todavia o início da relação já começou sem o reconhecimento do governo brasileiro em relação à vitória de Biden, ao passo que as grandes nações já o reconheceram. Na futura relação, alguns marcadores tomarão destaque:

 

Questão ambiental 

Biden demonstrou sua inclinação à pauta ambiental. No momento em que a Amazônia está no palco central das discussões ambientais, inclusive pela pressão dos produtores rurais europeus, que se sentem ameaçados pelo potencial fornecimento de alimentos por parte do Brasil, em seus mercados, a postura de Biden definirá novos parâmetros na relação. Biden fez algumas observações sobre a Amazônia durante a campanha. Caberá ao Brasil manter posição assertiva sobre a soberania da Amazônia.

 

Diplomacia 

O efeito mais imediato na relação diplomática entre os dois países será, provavelmente, a mudança do Embaixador no Brasil. Restará uma incógnita também no apoio ao pleito brasileiro à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apoio que Trump, por seu turno, concedeu ao Brasil. No plano da diplomacia econômica, o Acordo de Livre Comércio, que já era negociado entre os países, deverá passar por novo crivo. Ainda resta saber o posicionamento de Biden em relação ao 5G, matéria de suma importância, tanto para os EUA, como para o Brasil. Como hábil articulador de política internacional, Biden aguarda os sinais do governo brasileiro. A relação dependerá, significativamente, da diplomacia e pragmatismo, por parte do Brasil.


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