O combo formado pela taxa Selic em 2% ao ano e pela concorrência dos bancos na intenção de sair na frente em termos de melhores condições, tem reduzido cada vez mais as taxas de juros de financiamentos imobiliários. Um movimento importante, que precisa estar no radar não só de quem deseja comprar um imóvel como também de quem já comprou e hoje cumpre com as parcelas de um financiamento.
Isso porque a qualquer momento é possível reduzir a dívida migrando o financiamento imobiliário de um banco para outro. Uma opção que não é nova no mercado, mas que está ganhando bastante força com a enorme queda dos juros. O cenário é tão positivo para esse tipo de operação que entre os meses de janeiro e agosto de 2020 o Banco Central chegou a registrar um aumento de 553% no número de contratos que passaram pela portabilidade.
Não há um período do contrato mais ou menos indicado para fazer a portabilidade, porém, existem alguns casos em que ela se torna uma opção ainda melhor. É uma excelente alternativa para quem financiou um imóvel há alguns anos atrás, quando as taxas ainda beiravam os 10% ao ano, por exemplo. Também é mais indicado para contratos mais longos, pois, mesmo podendo reduzir um bom valor da parcela, a maior vantagem da portabilidade está justamente na economia a longo prazo. Outro público que pode se beneficiar são mutuários de financiamentos indexados à TR (Taxa Referencial) que têm interesse em migrar para financiamentos indexados ao IPCA, índice oficial da inflação. Apesar de serem mais atrativas, as taxas desse tipo de financiamento oferecem um certo risco devido a maior probabilidade de oscilação do IPCA. Pelo mesmo motivo, essa troca é mais indicada para quem pretende quitar a dívida em pouco tempo, sem precisar se submeter ao risco de sofrer com o aumento da inflação.
Mas, como em qualquer transação financeira, quando o assunto é portabilidade, não dá para ir com tanta sede ao pote sem antes fazer algumas ponderações. Às vezes, olhando mais de perto, você pode perceber que alguns bancos oferecem condições não tão boas quanto parecem. É que mais do que analisar as taxas de juros, você precisa ficar atento ao custo efetivo total do contrato, que considera, além dos juros, uma série de outras taxas e encargos inerentes ao financiamento imobiliário. Além disso, você também precisa incluir na conta os custos dessa migração. O serviço, em si, não pode ser cobrado, mas ao optar pela portabilidade você precisa saber que irá desembolsar um certo valor com a nova documentação e com o novo contrato.
Um cenário tão positivo para o mercado imobiliário não só abre a possibilidade de migrar a dívida para outra instituição financeira, como também de negociar com o atual banco. Vale buscar opções, vale conversar com a instituição que já lhe atende e fazer a sua proposta! Vivemos um momento muito propício para isso, que não pode ser ignorado. Afinal, não estamos falando de pouca economia. Em simulações feitas pelo Infomoney e pela MelhorTaxa, startup focada na comparação de crédito imobiliário, um financiamento de R$ 400 mil contratado com juros a 10,7% ao ano, poderia ter uma redução de até R$ 100 mil se fosse migrado para as taxas atuais. Uma economia significativa e muito bem-vinda, especialmente em períodos como o que estamos vivendo, onde cuidar das finanças é quesito fundamental para garantir um futuro mais tranquilo.