Os quase 31 mil votos conquistados pelo PDT na eleição para a prefeitura de Passo Fundo, os 14 mil na proporcional, elegendo a maior bancada com quatro vereadores (6.601 votos), sendo dois deles entre os mais votados, são evidências da manutenção da força política trabalhista, quando o assunto é eleição municipal. Sem disputar diretamente a eleição para o Executivo desde 2012, o partido chegou em segundo lugar com o vereador Márcio Patussi, fazendo 30,57% dos votos válidos. É a esse resultado que Patussi se apega para traçar estratégias para os próximos pleitos. Encerra o mandato na Câmara de Vereadores no fim do ano e em 2021 vai se dedicar a docência e ao escritório de advocacia. Não deixará a política de lado e já planeja participar da eleição de 2022 concorrendo a deputado. Ainda não sabe se estadual ou federal. Se o partido quiser, estará de volta à disputa municipal em 2024. “Não vou deixar a política em respeito ao resultado que obtivemos na eleição deste ano”, disse. Falhas e acertos fazem parte das campanhas e estão no radar das próximas análises do partido. Independentemente de qualquer situação, ele atribuiu à militância partidária a conquista do resultado.
Entre números
Na semana passada, o Jornal O Nacional publicou matéria explicando como funcionou o cálculo que determinou a eleição dos 21 vereadores. Com regras novas neste ano, como a proibição de coligações na proporcional, o cálculo também mudou. Para ser eleito, o candidato precisou fazer o mínimo de 10% do quociente eleitoral alcançado pelo partido. A alta abstenção, que em Passo Fundo chegou a 25% ou mais de 37 mil votos, influenciou no resultado, mas não foi determinante. O fato é que, ao contrário da média nacional, onde menos partidos conseguiram eleger vereadores, em Passo Fundo, 15 legendas estão representadas na Câmara. O quociente caiu de 5.227, em 2016, para 4.739 neste ano. Para explicar a complexidade do cálculo, que envolve quociente eleitoral, partidário, médias e sobras, ON ouviu o advogado Leandro Scalabrin, que se debruçou na análise dos números.
Detalhes do cálculo
Num olhar mais detalhista para a coluna, Scalabrin fez as seguintes observações: o número de ouro para eleger um vereador neste ano foi 3.568 e para o partido fazer duas vagas foi de 7.133 votos. Nove partidos elegeram um vereador pela média (considerando o número de ouro). São eles:
1 PSC - 4.823
2 Republicanos - 4.677
3 – DEM - 4.582
4 – PT - 4.527
5 – Solidariedade - 4.252
6 – PSB - 3.845,5
7 – Cidadania - 3.773
8 – PDT - 3.732
9 – MDB - 3.567
Quem poderia entrar
Ainda conforme análise do advogado, o último partido a fazer uma vaga para a Câmara foi o MDB com 3.567 votos. Num exercício de hipóteses, Faltaram 135 votos para o PL ficar com essa última vaga; ou 335 votos para o PCdoB eleger um vereador. Se o PTB tivesse feito mais 377 votos, ele ficaria com a vaga. Agora para o PSOL ocupar a cadeira na Câmara, com a candidata Ingra Costa que, sozinha, fez 1.242 votos (mais do que nove eleitos) seriam necessários mais 2.104 votos a mais dentro do partido.
Mudança de regra
E o que determinou que vereadores fossem eleitos abaixo do quociente? Porque houve uma mudança de regra da eleição passada para esta. A regra permitiu que os candidatos concorressem às vagas da média, mesmo se os partidos não tivessem alcançado o quociente. Por isso o número de ouro apontado nas análises de Scalabrin.
Negociação
Democratas,PTB, PSB, MDB, Cidadania e PSD, que incluem a base aliada de maioria na Câmara de Vereadores, manifestaram interesse pela presidência e já iniciaram negociações. PSDB e PP querem compor a Mesa Diretora, ficando com outros cargos. Fechando acordo, a presidência ficará nas mãos do governo por quatro anos. Não há nomes definidos, mas surgem dois como prováveis para uma das quatro gestões da Mesa: Rafael Colussi (DEM) e Alberti Grando (MDB).
Diálogo e renovação
Na montagem da equipe do futuro governo, o prefeito eleito Pedro Almeida, PSB, tem se reunido com diversos setores para ouvir opiniões. Muito diálogo pela frente, é o que garante. A tendência é de que anuncie de 6 a 8 novos nomes para compor o primeiro escalão nos próximos dias. Esta semana confirmou o professor Adriano Teixeira, na Educação, o Cel. Fernando Carlos Bicca na Chefia de Gabinete e Rubens Astolfi, que deixa a pasta do Meio Ambiente para assumir a secretaria de Obras. Dos atuais permanecem Adolfo de Freitas, na PGM, e Dorlei Maffi, nas Finanças.
Astolfi fora do PCdoB
O secretário Rubens Astolfi, do Meio Ambiente, pediu desfiliação, esta semana, do PCdoB. Astolfi estava licenciado do partido desde o ano passado, quando a direção local deixou os cargos que ocupava na administração do prefeito Luciano Azevedo. O PCdoB integrou o governo nos dois mandatos, inclusive com o cargo de vice-prefeito por Juliano Roso, por dois anos, até ser eleito deputado estadual. A decisão de concorrer a prefeitura neste ano, com o próprio Juliano, forçou o desembarque do governo. Ontem à tarde, o nome de Astolfi foi confirmado na Secretaria de Obras.
‘Maldita política!’
Entrou para os Anais da Câmara de Vereadores de Passo Fundo uma despedida-desabafo do vereador Valdecir Ribeiro (Valdo), PSB, que concorreu e não se reelegeu: “…tava dando risada, na verdade saiu um peso das minhas costas. Eu aqui como vereador, a gente perde muito tempo. Tem que honrar o salário que tu ganha e tu deixa tuas coisas de lado…por isso que hoje tô dando risada, saio de cabeça erguida e vou cuidar dos meus negócios que eu devia ter feito e nem deveria ter entrado nessa maldita política, na palavra correta”.