Desarranjo sonoro reinante
Na semana passada, as estatísticas do Spotify entupiram as redes sociais. A plataforma de streaming disponibilizou aos usuários um balanço das suas músicas preferidas. Nossa! Fiquei com o cabelo em pé diante do péssimo gosto da maioria e até decepcionado com uns e outros. Gosto é gosto e, tudo bem, não se discute. Já o mau gosto coletivo merece uma ampla reflexão, pois é contundente indicativo de um retrocesso cultural. É muita porcaria sonora tocando com rótulo falsificado de música. Observando as listinhas publicadas, infelizmente, predominam detritos sonoros com requintes de baixaria. Alguns poucos se mantiveram dentro dos padrões aceitáveis, mas raros são aqueles que permanecem no patamar que conheço como boa música. E não me chamem de velho ranzinza ou digam que eu parei no tempo. Uma diminuta galerinha erudita prova ao contrário. É gente novinha que cultua de Beatles a Elza Soares.
Música é arte. E a qualidade da arte é medida pelo tempo que permanece em nosso meio. As mais valiosas pinturas foram criadas há bem mais de um século. A música erudita, também conhecida como clássica, iniciou no Século VII e persiste até hoje. Certamente, o lixo sonoro de agora sequer resistirá uma década. É bom lembrar que já houve ouvidos mais seletivos, graças ao ensino de música nas escolas, hoje uma obrigatoriedade no papel que é uma farsa na prática. O objetivo não é a formação de músicos. É para educar os ouvidos! Junto com as escolas, as concessões públicas também têm responsabilidade. É óbvio que o desarranjo musical começou com o desleixo nas programações de rádio e TV. Antes, as músicas eram selecionadas por qualificados programadores. Assim, educavam ouvidos. Resumindo: desafinaram-nos, perdemos o tom e, sem ritmo, despencamos da partitura para a mediocridade.
Ataque ao livre-arbítrio
Por que tanto ódio? Por que, de uns tempos para cá, estão sistematicamente desqualificando pessoas e instituições? Será que passamos por uma contaminação de raiva coletiva? Por que agem com imensurável agressividade política? A convivência social está prejudicada! Aliás, abalada por condutas agressivas. Qualquer expressão utilizada acaba conduzida para o tom politiqueiro. Um tom com conotação bipartidária: a favor ou contra. Esse comportamento nos faz voltar ao bipartidarismo, que foi imposto goela abaixo em 1966. Portanto, é um retrocesso que não permite o diálogo e castra os pensamentos. O constante repasse de inverdades e a censura implícita são armas da insurreição camuflada. Ou indícios de uma democracia de fachada. Quando a convivência social passa a lo largo da finesse, algo está muito errado.
Mesa Um
A turma da Mesa Um do Bar Oásis permanece na mais absoluta quarentena. Desde o início de março, não converso com o pessoal. Saudades de bater um papo em tão seleta companhia. É pela Mesa Um que desfilam inusitadas ou divertidas histórias de Passo Fundo. Uma convivência recheada com gargalhadas e enfeitada por finas ironias. Como estão os confrades? Cuidando-se direitinho? Essa quarentena afeta diretamente o bolso do Léo, pois, sem o elevado consumo da confraria, acredito que o faturamento do Oásis teve uma queda na faixa de 80 a 90%. E este será o primeiro ano da história da Mesa Um sem sequer um jantar de confraternização. Se 2021 permitir (tóc, tóc, tóc), faremos encontros semanais para recuperar o ano perdido. Um afetuoso abraço aos queridos confrades.
Maldade em dois gêneros
A censura pode ser simbolizada pela imagem de uma tesoura. Ou de um tesouro.
Iracélio
Perdão, Iracélio. Teu espaço foi cedido à Mesa Um.
Trilha sonora
Vienna Clarinet Connection - Autumn Leaves