Viramos o último ano cientes de que as coisas não iriam mudar repentinamente, mas, ainda assim, carregando grandes expectativas para o mercado imobiliário no novo ciclo que ali iniciava. Era o ano perfeito para o segmento deslanchar de vez e deixar para trás o que havia sobrado da recente crise política e econômica. Hoje vejo que acertamos muito em acreditar no potencial do ano de 2020, mas erramos o palpite sobre a rota.
Quem cogitava a possibilidade do país ser afetado por uma pandemia? Depois, quem imaginava que no meio de um período tão caótico, os imóveis seriam tão desejados pelo consumidor? No início da pandemia, com tantas empresas quebrando, número de desemprego aumentando e incertezas no ar, nosso objetivo já não era nem crescer em números, mas sim segurar o tanto quanto fosse possível para enfrentarmos os desafios com mais tranquilidade.
Acontece que, após o susto, vieram as surpresas. A começar pela taxa Selic que de 4,5% a.a. em janeiro foi despencando dia após dia até chegar a 2% em agosto, fazendo com que o Brasil registrasse pela primeira vez na sua história uma taxa de juros real negativa no horizonte de 12 meses. Isso não só entrou pra história, como mudou a percepção de muitas pessoas, inclusive daqueles que não eram tão próximos ao mercado financeiro. Não precisava de muito para entender que taxas de juros tão baixas aumentavam (e muito) o poder de compra dos brasileiros. A poupança, que já não era atrativa, ficou ainda menos, enquanto opções de renda fixa e renda variável também deixavam a desejar tanto em rendimento, quanto em segurança. Então o que fazer com o dinheiro parado? Investir em imóveis! Foi aí que tudo começou a eclodir no mercado imobiliário.
O primeiro a voltar sua atenção para a compra de imóveis foi o público investidor, que mais do que nunca precisava de segurança para continuar rentabilizando o seu patrimônio. Não demorou muito para que o consumidor final despertasse também a necessidade de investir, neste caso, na saúde e na qualidade de vida de seus familiares, mudando para um imóvel que oferecesse melhor infraestrutura.
Como se não bastassem as taxas de juros baixas, o maior poder de compra e a predisposição do consumidor, o governo federal também teve sua parcela de contribuição injetando estímulos para a aquisição de financiamento imobiliário. Até porque, o comprometimento a longo prazo também era uma preocupação. Entre as medidas anunciadas, a carência para começar a pagar financiamentos de imóveis novos, inclusão de despesas com ITBI em financiamentos com recursos do FGTS ou da poupança (SBPE) e o reposicionamento das linhas de financiamento para aquisição de terreno e construção individual.
Foi assim que a busca e a venda de imóveis disparou! A compra de imóveis usados, pronto para morar, foi o que mais se destacou, visto que a maioria dos lançamentos programados para este ano foram adiados. Um momento excelente tanto para quem desejava comprar quanto para quem precisava vender o seu imóvel!
Mas nem só de bons números se fez o ano de 2020. O mercado imobiliário, ainda muito tradicional, recebeu o empurrão que faltava para poder se modernizar. Com tantas restrições, trouxemos a digitalização dos processos como nossa maior aliada! Como resultado, a comercialização online para diversos países, entre eles Itália, Portugal, Chile e EUA.
Um ano para ficar registrado na história do mercado imobiliário por todos os desafios que trouxe, mas também por todas as transformações que iniciou e que continuarão em 2021.