OPINIÃO

Vírus não esquece o ano

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Somos induzidos, pelo desejo de liberdade, a dizer coisas que refletem nossa inconformidade. Queremos estar livres, apressando a eliminação da força do Coronavírus. Entramos na onda alucinada de maldizermos o ano de 2020, tentando até mesmo eliminá-lo de nossa memória. Tudo é linguagem figurada. Ano de angústia, de dor, enfermidade, falta de renda, loucuras, descontroles e a morte querendo morar em toda parte. Acontece que o vírus não toma conhecimento do calendário ocidental, nem do oriental e não dá trégua mesmo diante de números ou datas cabalísticas. Será a presença mais triste e cavernosa, quanto maior e mais estridentes foram as celebrações coletivas do réveillon! Fazemos por desabafo usando expressões de execração à pandemia. Esta não se envergonha nem se deprime. Está ativa em seus sobressaltos malignos invadindo festas, templos, corredores, leitos, lugares públicos e privados, ricos ou pobres, sempre ávida por contaminar alguém. Ano maldito, para ser esquecido! Mas essa memória afetiva aliada ao tempo diz apenas a nós mortais que estamos sendo mortos pela praga invasora. Com ou sem medo, nossa concentração deve mirar sua presença durante 24 horas. Além disso, enquanto esperamos a vacina não podemos nem pensar em afrouxar a vigilância nos contatos, no compartilhamento de espaços, no ar, na terra e no mar. Então, para a nossa memória ficar mais leve, quem sabe é bom esquecer ou sepultar o ano que finda, mas sempre lembrando que para o vírus ele continua vivo.


Falta dinheiro

As escaramuças nos poderes e instituições ligadas à saúde do brasileiro mostram comportamentos estranhos de seus agentes responsáveis. São manobras que destoantes de um senso mínimo comparado a outros países afligidos pela pandemia. A falta de dinheiro empurra governos ao contorcionismo financeiro. Estamos alvitrando sobre a vacina principalmente pela falta de dinheiro. Houve desdém no governo federal, houve corrupção no descarrilamento de verbas, e muito tumulto nas decisões tomadas. Afinal o vírus é incerteza. A vacina, na mão das potências mundiais é negócio, que visa lucro. Lucro pretendido pela direita ou pela esquerda. O Brasil não tem dinheiro. Falta dinheiro, por isso estamos atrasados no alcance do socorro da vacina. Internamente, apenas São Paulo, estado rico, desponta com alguma possibilidade programada para a vacinação. Enfim, falta dinheiro, como falta planejamento desde o início com a estupidez do negacionismo. O governo ficou distraído com a mentira da “gripezinha”. Agora há menos dinheiro e o custo é mais caro. Vejam a fortuna orçada pela Inglaterra ou pelos UEA!!! Lentidão também mata numa hora dessas em que só vemos desculpas.


 Trânsito

É motivo para muita preocupação a série de acidentes de trânsito. Os relatórios marcam bem as circunstâncias de tragédias e também acidentes nas rodovias com menor grau de violência. Há uma desconcentração dos condutores. Em meio à pandemia os cuidados deveriam estar mais presentes ao volante. Assusta, por exemplo, a precariedade dos coletivos improvisados para fazer viagens nas estradas, sem o devido licenciamento e outras condições que revelam um mundo relapso sobre rodas. As leviandades são as mais variadas, que vão desde as condições dos carros até a exaustão dos motoristas. E persiste a criminosa ousadia nas ultrapassagens, além da direção perigosa, o sono e a implacável cachaça. O trânsito virou trauma em nosso país, mesmo pensando que tudo isso pode ser evitado, sem custo nenhum!


É possível viver

Em meio a tanta loucura desgastante temos ouvido orientações e conceitos sobre a vida, o desafio de viver, com felicidade. Referimo-nos à orientação que guarda proporcionalidade entre as condições difíceis e a sobrevivência. Essas pessoas curadoras da vida ensinam que a pessoa precisa olhar mais para aquilo que tem. As satisfações básicas de alimentação, saúde, moradia, etc. e tal, são importantes e fundamentais para a realização. Trata-se do eixo da felicidade. As demais condições estão dentro de cada um, sua percepção, capacidade de humor, e criatividade. Ter o essencial é a felicidade. No momento se você tem água, comida, lugar pra morar e pessoas para se relacionar de algum modo, está em condições de sobreviver. Se alguma coisa tiver que adiar, espere, não dá pra enlouquecer nesta hora.   

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