Enquanto os últimos acontecimentos na geopolítica internacional trazem à tona o papel das gigantes da tecnologia, outro tema que tomará relevo neste ano é o potencial risco cibernético mundial. Em um mundo que possui um vácuo de lideranças políticas internacionais, o risco potencial deve ser ainda mais considerado. A diplomacia não tem se mostrado como a ferramenta mais capaz de se lidar com as constantes invasões cibernéticas entre os países. Destarte, cabe às grandes potências se cercarem de mecanismos de segurança e defesa contra os ataques, uma vez que, na visão de especialistas, ainda há muita vulnerabilidade nessa área. Os ataques cibernéticos podem partir de qualquer tipo de aparelho como um computador ou até mesmo um celular, daí o risco potencial.
O cenário
O ano será marcado por um intenso e significativo crescimento na aquisição pessoal de novos produtos vinculados com a internet, principalmente se consideramos que neste ano é que provavelmente se firmem os principais contratos das frequências do 5G. A conjuntura do Covid-19 impeliu o distanciamento e o consequente isolamento, onde as tecnologias passaram a ser ainda mais importantes e necessárias, aumentando assim a vulnerabilidade.
A falta de um marco
Governos e empresas mundiais possuem um desafio significativo, uma vez que em termos geopolíticos não há qualquer espécie de documento ou possibilidades de ação universal em relação aos riscos cibernéticos. Sobram aos EUA recorrer ao expediente das sanções internacionais, as de cunho econômico e político.
Players
Na seara da geopolítica cibernética, despontam algumas grandes potências como os EUA (talvez o principal alvo de ataques), a China, a Rússia e a Coréia do Norte. Ao assumir o comando do governo, Biden terá o grande desafio de lidar com essa problemática e complexa situação. O principal ponto de observação será a forma em que Biden irá lidar com a Rússia e a China, certamente em contraste com a narrativa de Trump. O recente anúncio de um computador quântico chinês que sugestivamente tenha atingido a “supremacia quântica” (quando um computador e seus processos quânticos superam em definitivo os processos eletrônicos comuns) também terá desdobramento incerto. A descoberta parece colocar em cheque a computação clássica.
Casos famosos
Em 2020 tomaram destaque duas tensões geopolíticas cibernéticas: a primeira foi entre Israel e Irã e a segunda, o caso: “SolarWinds" onde os dados de 18 mil organizações americanas foram expostos, declarando o governo americano uma suposta ação de hackers russos. O que começou com a desconfiança israelense de uma falha técnica em estações de tratamento de água, terminou na constatação de um ataque cibernético, supostamente iraniano. O caso “SolarWinds" refere-se a uma empresa americana que fornece softwares para gestão empresarial. No longo prazo, ataques cibernéticos contra esses sistemas colocaram em fragilidade os dados de diversas instituições. Os ataques também atingiram o próprio governo americano.