Tomou destaque o lançamento da 16ª publicação do Fórum Econômico Mundial, intitulada: Pesquisa de Percepção de Riscos Globais 2021. A pesquisa é publicada todos os anos e tornou-se prestigiosa pelo fato de alertar, desde 2006, sobre a possibilidade de uma crise pandêmica, de escala global. O documento traz três tipos de classificação dos riscos globais: de curto prazo (até dois anos), médio (três – cinco anos) e longo (cinco – dez anos). O Covid-19 parece ser um dos principais propulsores dos riscos globais, uma vez que impulsionou uma relativa fragmentação social, industrial e econômica, desafiando as lideranças internacionais nos aspectos da coesão social e da cooperação global, que se já eram desafios anteriores à pandemia, tiveram escalada significativa, impelindo os países e governos locais melhorarem a gestão da resiliência, pedra angular na recuperação da economia. O Covid-19 serviu para acelerar ainda mais a quarta revolução industrial, expandindo a digitalização nas interações humanas, do e-commerce à educação online, o que poderá, na visão da pesquisa, conduzir a outra faceta, qual seja, o aumento da desigualdade digital, um dos riscos apontados no cenário de curto prazo. Outro desafio que toma destaque é a difícil relação para uma geração jovem e disruptiva, em cenário de redução significativa de oportunidades e aumento, inclusive, da preocupação até com a saúde mental dessa geração. Os riscos globais foram categorizados em cinco áreas: econômica, ambiental, geopolítica, social e tecnológica.
O curto prazo
No âmbito dos riscos de curto prazo, tomam destaque o aparecimento de novas doenças infecciosas, a ocorrência de eventos climáticos extremos, as falhas cibernéticas (tema de nossa coluna anterior), o prolongamento de um processo de estagnação econômica, a “desigualdade digital”, a possibilidade da emergência de novos eventos terroristas, a desilusão de uma geração jovem em um mundo de poucas oportunidades e até processos de erosão na sociedade.
O médio prazo
No médio prazo, tomaram destaque a possibilidade do surgimento de novas bolhas financeiras e imobiliárias, instabilidade nos preços, choque de commodities, conflitos e processos de fragmentação nas relações entre Estados soberanos. Também foi apontada como risco a possível falha ao tentar estabelecer uma governança mundial na área da tecnologia, risco considerável, ainda mais se levarmos em conta as definições de grandes países no tocante a tecnologia do 5G e as suas implicações geopolíticas.
No longo prazo
Grande parte desses riscos já é amplamente conhecida na geopolítica internacional. O principal risco é o desenvolvimento de armas de destruição em massa, preocupação que acompanha as relações internacionais desde o fim da Segunda Guerra. Também foi apontado o colapso, ou a falência de Estados soberanos, a crise de recursos naturais, o colapso da segurança social, do multilateralismo e da indústria. O documento também aponta o comportamento anticientífico como um risco significativo aos países.