A liturgia dominical nos conduz a refletir sobre a experiência humana da doença e o cuidado com a vida e a saúde. Também, 11 de fevereiro é o Dia Mundial do Doente dia em que a liturgia celebra Nossa Senhora de Lourdes. O problema do sofrimento e da doença atormenta a humanidade de todos os tempos e todas as culturas. Faz parte do cotidiano, mas jamais os humanos se habituarão e se conformarão com ela. É sempre um mal a ser enfrentado e superado.
Por vezes, a situação torna-se dramática. Prostra no chão os sofredores, além de lhes tolher a esperança. A Bíblia, como o espelho por excelência da condição humana, dá voz aos sofredores e retrata o seu desespero. Um terço dos salmos tem por tema a dor e as súplicas dirigidas a Deus questionam: “Por quê? Até quando?” A liturgia dominical apresenta os questionamentos de Jó (Jó 7,1-4.6-7). “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? ... meses de decepção; noites de sofrimento; quando poderei levantar-me?” Jó é representante da humanidade sofredora. Jó é a voz apelando por socorro.
Na tradição bíblica o grito dos sofredores, não importa a causa do seu sofrimento, não fica sem resposta. Os amigos de Jó oferecem respostas fáceis para seu sofrimento, mas ele não aceita e não se convence, porém encontra na fidelidade a Deus o consolo e a esperança. O Evangelho dominical (Mc 1,29-39) relata que muitos são curados e atendidos por Jesus, livrando-os de vários males.
É exemplar o modo como Jesus tratou a sogra de Simão. “Ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se”. Gesto que vai ao encontro de uma expressão popular muito significativa: “te dou uma mão”. Indica um sentimento e uma atitude de solidariedade e de uma genuína amizade. Para quem está necessitado, nada mais significativo ouvir dizer “te dou uma mão”. Experimenta vivamente que alguém se interessa por ele, está disposto a ajudá-lo, além de tirar o medo de um possível abandono ou ficar sozinho.
Jesus não pronuncia a frase, mas realiza o gesto de dar a mão. Estende à mulher doente uma mão amiga, mais, ajuda-a a levantar-se. O gesto de Jesus cria uma comunicação entre eles e a mulher curada recebe a vitalidade de Jesus. Com a saúde restabelecida, ela coloca-se a serviço dos outros, um serviço que manifesta gratuidade em troca da atenção recebida.
Portanto, exemplar também deve ser considerada a mão estendida da sogra de Simão. Atitude que desafia a todos, em particular os seguidores de Jesus. As orientações do “Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde” ajudam a entender em que áreas agir neste campo. “O cuidado da saúde e a assistência sociossanitária são elementos estritamente vinculados. Com a expressão “cuidado da saúde”, entende-se tudo aquilo que diz respeito à prevenção, ao diagnóstico, à terapia e à reabilitação para o melhor equilíbrio e bem-estar físico, psicológico, social e espiritual da pessoa. Por “assistência sociossanitária” entende-se tudo aquilo que diz respeito à política, à legislação, à programação e às estruturas sanitárias. (Pontifício Conselho para Pastoral no Campo da Saúde, Ed. CNBB, Doc. da Igreja, 52, n. 3).
Todos temos múltiplas ocasiões para restituir um fundo de esperança, de dar uma alegria que inunda o coração, de propor um sadio otimismo a quem sofre. É a mão estendida do Senhor que restitui vida. A exemplo de Jesus, estendemos a nossa mão e a oferecemos ao próximo, que encontramos todos os dias. Assim a comunidade cristã e todos os homens de boa vontade perpetuam o gesto amigo de Cristo: “estendeu a mão”. Alargando a esfera da ação do bem, automaticamente diminui a esfera da ação do mal.