No dia 09 de fevereiro último, foi lançado o relatório de iniciativa do Fórum Econômico Mundial, intitulado: “engajamento global”. O mesmo é resultado da Agenda de Davos 2021, que ocorreu digitalmente entre 25 e 29 de janeiro deste ano e reuniu mais de 1,7 mil pessoas, de governos, empresas e da sociedade civil, de 80 países distintos. O objetivo do encontro foi promover uma discussão sobre os principais desafios relacionados, entre eles: econômicos, ambientais, sociais e tecnológicos. A Agenda de Davos promoveu o aquecimento para o evento maior, a conferência global do Fórum Econômico, que tomará lugar em Singapura, de 13 a 16 de maio. O mote da Agenda foi: “um ano crucial para reconstruir a confiança”, uma vez que, em grande medida, os países começaram a adotar os seus planos de imunização, base fundamental para a discussão de outros temas decorrentes do cenário pós-Covid19.
Capitalismo de “Stakeholders”
Um dos grandes temas da Agenda foi o capitalismo de “stakeholders”, que terá destaque também no evento de Singapura. O capitalismo de stakeholders pode ser traduzido como “capitalismo das partes interessadas”, que surgiu a partir de uma provocação de Klaus Schwab, engenheiro e economista alemão, um dos fundadores do Fórum Econômico Mundial, uma instituição sem fins lucrativos, com sede em Genebra, que reúne líderes mundiais anualmente em Davos, para discussão de temas globais de grande impacto. Na visão de Schwab, há três tipos de capitalismo: o de acionistas, o de Estado e o de “partes interessadas”.
O capitalismo de acionistas
O principal objetivo desse tipo de capitalismo seria marcado pelo objetivo desenfreado na obtenção de lucros e benefícios por parte das empresas. O modelo foi adotado em praticamente todo o ocidente, na história recente da economia, tendo o seu impulso nos EUA na década de 1970. Na visão de Schwab, o modelo teria descuidado de que as empresas também são “organismos sociais”, somando a isso os interesses de curto prazo do sistema financeiro. O modelo havia se deslocado da economia real.
O capitalismo de Estado
O capitalismo de Estado se difundiu, principalmente, nas economias emergentes e acredita que o Estado é o principal elemento a direcionar a economia. Talvez o exemplo mais nítido do modelo, na atualidade, seja a China: uma economia praticamente de mercado, sob o controle de um partido comunista centralizador. Talvez tenha obtido, e ainda obtém, alguns êxitos, sendo o modelo rival das partes interessadas. Ambos trabalham com objetivos de longo prazo.
O capitalismo das partes interessadas
Esse modelo tem sido provocado por Schawb e tem se tornado uma tendência nos debates globais. Em resumo, o modelo propõe o compromisso maior das empresas globais com objetivos de longo prazo. Dentre os objetivos estaria o que Schwab denomina como “criação de valor compartilhado” na área ambiental, social e de governança. Na sua visão, as empresas chegaram a um tamanho significativo, impelindo que sejam partes interessadas em um “futuro comum”.