“Convertei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1,15) ou “Lembra-te que és pó, e ao pó hás de tornar” (cf Gênesis 3,19). Esta advertência, acompanhado com a imposição das cinzas, marca o início do Tempo da Quaresma na Igreja. Antes, porém, as cinzas são abençoadas através desta oração. “Ó Deus, que não quereis a morte do pecador, mas a sua conversão, escutai com bondade as nossas preces e dignai-vos abençoar estas cinzas, que vamos colocar sobre nossas cabeças. E assim reconhecendo que somos pó e que ao pó voltaremos consigamos, pela observância da Quaresma, obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova, à semelhança do Cristo ressuscitado. Por Cristo, nosso Senhor”.
Vivemos envoltos em sofrimentos causados pelas más escolhas. Todo este conjunto de ações denominamos, na Igreja, de pecado. Jesus, a título de exemplo, lista uma série de situações que saem coração humano. “Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem” (Marcos 7,23). As ações decorrentes desta lista de impurezas de Jesus não saem só do coração dos outros, mas também saem do meu coração.
Diante desta situação, cada pessoa, a Igreja, a sociedade vai decidindo o que fazer. Uns se conformam, outros constatam, outros ficam indignados, outros fazem análises, outros protestam, outros procuram conversão. A Igreja ciente da sua missão de “sacramento de salvação” traz para o tempo presente o mesmo convite que Jesus fez quando iniciou a sua missão salvadora: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. Este convite, em primeiro lugar, manifesta o amor de Deus e da Igreja, pois não quer a morte do pecador, mas que se converta e vida.
Propostas de caminhos a serem trilhados são oferecidos constantemente. A Igreja repete o mesmo convite de Jesus. Jesus pediu que seguissem o caminho que ele estava fazendo e que acreditassem nos seus ensinamentos. Muito mais do que reflexões sobre a vida, análises de fatos e atitudes o Evangelho é a descrição da vida e das ações de Jesus. Muito mais do que falar, ele viveu o que ensinou. A pergunta que todos temos que nos fazer é: “Qual a relação que há entre o que estou fazendo ou falando com o Evangelho?”
Quando fazemos um sincero exame de consciência, à luz do Evangelho, percebemos a quantidade de mudanças e correções a serem feitas na vida pessoal, comunitária e social. Diante de tantas necessidades é preciso reconhecer humildemente que não é possível mudar tudo de vez e com sabedoria escolher um ou alguns pecados para dar maior atenção. A Campanha da Fraternidade se apresenta como um auxílio para vivenciarmos a quaresma. Ela sugere refletirmos sobre o diálogo e dos conflitos gerados pela falta de diálogo. O tema da Campanha da Fraternidade é: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. O lema é inspirado na Carta aos Efésios 2,14: “Cristo é a nossa paz; do que era divido, fez uma unidade”. O diálogo é apresentado como remédio para superar divisões, conflitos, pois se quer a fraternidade e a paz. Que se concretize o pedido feito na oração da bênção das cinzas, que “observância da Quaresma, obtenha o perdão dos pecados e viver uma vida nova, à semelhança do Cristo ressuscitado”.