Sempre nas transições de governo nos EUA, a lupa da geopolítica se concentra nos possíveis desdobramentos. A mais recente pesquisa do respeitado instituto americano, Pew Research Center, explorou como significativa parte dos adultos americanos enxerga a futura atuação de Biden nas relações internacionais. Cerca de 60% deles estão confiantes na condução de Biden. O resultado é superior ao início do mandato de Trump em 2017, onde o nível de confiança ficou em 46%. Todavia, a confiança ainda permanece mais baixa quando do início do mandato de Obama, em 2009. Praticamente, 70% dos entrevistados acreditam que o momento é oportuno para que os EUA priorizem as organizações internacionais como o Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
Participação global
Na participação americana nas questões globais, cerca de 78% dos entrevistados reforçam que os EUA procurem uma liderança internacional compartilhada, enquanto um (1) em cada dez (10) defende que o país adote uma postura isolada, no mundo. Quando a matéria da política doméstica entra em cena, a população parece se dividir: 49% ressalta que os EUA devem manter o foco nas questões globais e 50% ainda defende que o olhar mais atento se restrinja ao cenário doméstico.
Prioridades
Quando se elenca as principais prioridades para uma política externa no longo prazo, republicanos e democratas também ficam divididos. Entre elas, a pesquisa lista cerca de 20, mas traremos as oito principais: 1) preservação dos postos de trabalho dos americanos; 2) medidas contra possíveis atos terroristas; 3) redução no alastramento do coronavírus; 4) controle de armas nucleares; 5) melhorar relações com os aliados globais; 6) manter a vantagem militar americana perante o mundo; 7) limitar a influência chinesa; e 8) lidar com o aquecimento global. Chama a atenção a última e vigésima prioridade: promoção da democracia americana em outros países.
Republicanos e Democratas
Nas prioridades elencadas, a inclinação maior dos republicanos está concentrada na manutenção dos empregos americanos, na luta contra o terrorismo e na vantagem militar americana no mundo. Os democratas, por seu turno, inclinam-se às questões do alastramento do vírus e da mudança climática, por exemplo.
Apontamentos
Pela pesquisa podemos chegar a algumas interessantes conclusões, exclusivas aos nossos leitores: 1) A pandemia, de certa forma, irá impelir as nações uma abordagem multilateral mais complexa, diminuindo a possibilidade de ações unilaterais. Isso se mostra pela defesa maior de uma liderança compartilhada e maior envolvimento com as organizações internacionais. 2) Em grande medida, os americanos seguem confiantes na restauração da reputação internacional americana, pela política externa de Biden, que tem enfoque mais diplomático. 3) Temas que são recorrentes na política externa americana, como a defesa do modelo de democracia em outros países, por hora, não estão nas prioridades mais prementes.