Na semana que passou, a relação entre os EUA e a Rússia tomou destaque e tons de ameaça, algo que não se observava há anos. Ao conceder uma entrevista à ABC News, Biden confirmou ao jornalista que Putin seria um assassino. Com a manifestação de Biden, há um considerável retrocesso diplomático na relação entre os países. Além disso, Biden informou que a Rússia enfrentaria, em breve, algum tipo de consequência. O tom assertivo e ameaçador de Biden decorre de recente relatório de inteligência do governo, que aponta a possível interferência russa nas eleições americanas de 2020, em favor de Donald Trump. Caso a interferência reste comprovada de fato, a Rússia teria prejudicado a soberania americana e o seu processo eleitoral, algo gravíssimo à diplomacia. Cabe lembrar que Biden, ainda na corrida eleitoral como candidato, já havia afirmado que a Rússia seria a maior ameaça aos EUA, seguida da China. A Rússia sempre esteve no radar de Biden, desde que era o Vice-Presidente de Obama, pois, em grande medida, era influenciador da política externa americana. Os próximos dias serão cruciais para observarmos se as ameaças de Biden se concretizam ou se a situação tornar-se-á uma guerra de narrativas.
OCDE: mais um passo atrás
Na coluna da semana passada trouxemos duas constatações de comportamentos dissonantes com a vontade do governo brasileiro em aderir a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a saber: distanciar-se das recomendações básicas da Organização para o enfrentamento da pandemia e a intervenção de Bolsonaro na Petrobrás, seguindo a direção contrária da boa governança. Ocorre que o governo deu mais um passo para trás no seu processo de adesão. De forma inédita, a OCDE deliberou pela criação de um grupo permanente para avaliar possíveis retrocessos na pauta da corrupção no país. A atitude está vinculada à dubiedade considerável em torno do possível fim da operação Lava Jato, que acendeu o sinal de alerta na OCDE. Por seu turno, coube ao governo brasileiro dar aval à decisão. A medida é considerada inédita. Em 2019 ocorreu uma missão da OCDE no Brasil, para conversar com as principais autoridades governamentais sobre a capacidade investigativa das instituições brasileiras. A situação será acompanhada por especialistas de três países membros da OCDE, de forma permanente.
A geopolítica das vacinas
Como já alertamos aos nossos leitores, no momento, no mínimo quatro projetos de vacinas estão em confronto e na busca da liderança geopolítica: o americano, o chinês, o russo e o inglês. Enquanto os três primeiros buscam a proeminência, o projeto inglês (vacina de Oxford/AstraZeneca) tem recuado no tabuleiro geopolítico. Áustria, Dinamarca, Noruega, Espanha, França, Alemanha, Portugal e por último (a coluna foi fechada em 17/03/21) a Suécia – suspenderam o uso da vacina, devido aos casos de coágulos e tromboses. Em que pese a recente manifestação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em defesa do imunizante, fica claro que muitas das decisões no âmbito da pandemia são políticas.