A celebração do “Domingo de Ramos da Paixão do Senhor” abre a Semana Santa. Nas cinco semanas da quaresma os cristãos foram se preparando pela oração, pela penitência, pela caridade e pela Campanha da Fraternidade Ecumênica para celebrarem os Mistérios Pascais. Foram preparados para seguirem os passos de Jesus na cruz e participar da sua ressurreição e de sua vida.
A Semana Santa abre-se com uma calorosa acolhida de Jesus em Jerusalém. Os evangelistas descrevem Jesus entrando na cidade montado num jumentinho e as multidões fazendo tapetes com as suas vestes e com ramos de árvores. Enquanto Jesus passava pelo tapete as multidões gritavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem vindo! Paz no céu e glória na terra!
Por que Jesus foi recebido com tanta alegria e calorosamente pelas multidões? Certamente é o reconhecimento de tudo aquilo que Ele ensinou, com palavras e gestos, e fez como enviado do Pai. No começo da pregação os ouvintes já perceberam que Jesus ensinava com autoridade, dialogava com todas as pessoas, mesmo com aquelas que abertamente eram contrárias a ele, tinha uma atenção toda especial aos doentes e marginalizados da sociedade, rezava e ensinava a rezar, partilhou e ensinou a partilhar mostrando que partilhar é multiplicar. São Pedro resumiu as ações de Jesus afirmando que “passou pelo mundo fazendo o bem”. As multidões perceberam que estava acontecendo um novo reino, inspirado em Jesus.
O caminho quaresmal deseja configurar os cristãos a Cristo. Depois das cinco semanas da quaresma quem deve ser aclamado, como foi Jesus? Devem ser aclamados todos os cristãos e todas as pessoas que realizaram a caridade. Caridade entendida no sentido bíblico de amor ao próximo que se expressa desde as doações de qualquer gênero, voluntariado, diminuição do egoísmo, empenho por justiça social e por políticas públicas.
Devem ser aclamados aqueles que cresceram na oração e estão rezando mais e melhor. Cresceram na intimidade com Deus e nesta relação de amor com Ele foram incluídos vizinhos, amigos e toda humanidade. É a oração de intercessão. Devem ser saudados aqueles que cultivaram a vida espiritual durante a quaresma que transcorreu dentro das limitações impostas pela pandemia. Para muitos não foi possível se reunir com os irmãos para celebrar e rezar juntos.
Devem ser saudados os que fizeram jejum ou penitência de forma consciente. Abriram mão de algo legítimo para um bem maior e comunitário. A pandemia está exigindo sacrifícios de todas as pessoas e instituições. Sacrifícios que não estão sendo em vão, pois se trata de salvar vidas.
Devem ser saudadas todas as pessoas que cultivaram o diálogo. A Campanha da Fraternidade Ecumênica, em seu lema, propôs: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. Em tempos de tantas incertezas, angústias, de fragilidades físicas e psicológicas, merecem o louvor quem soube manter a postura de diálogo. Ouvindo os mais diferentes argumentos, partilhando seu ponto de vista, mas mantendo sempre o foco na busca da verdade e do bem comum.
Jesus entra na Semana Santa abraçando a cruz e o seu contexto. Não fugiu e nem ignorou o caminho doloroso que tinha pela frente, pois somente abraçando esta situação poderia surgir uma nova vida, a ressurreição. Somos convidados a abraçar o mundo que vivemos como Jesus e fazer dele surgir, com Jesus Cristo, um mundo melhor.